Os problemas da gestão dos planos de saúde, com impacto direto no processo de assistência, com interferências na autonomia médica e nos honorários dos profissionais, mobilizaram os debates na primeira parte do III Fórum Nacional sobre Saúde Suplementar, realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) na sexta-feira (17), em Brasília (DF). Diferentes expositores se sucederam no palco apresentando dados e percepções sobre os cenários descritos e indicando caminhos possíveis para superá-los.

O diretor de Operações do Grupo Rede DASA, Leonardo Modesti Vedolin, apresentou números que quantificam o tamanho do prejuízo causado pelas glosas de procedimentos pelas operadoras para os médicos e os estabelecimentos de saúde. Segundo ele, esse índice pode atingir até 12% do valor global em alguns locais.

“A glosa não é só um problema nacional. A ANS fala em 7 ou 8% de glosa no Brasil, mas dados dos EUA mostram que por lá chegam a 12%. Esse número é importante e impacta a receita de médicos e prestadores. Nos hospitais privados do Brasil, vem crescendo ano após ano. É preciso diminuir isso”, afirmou.

Vedolim ressaltou que se trata de um mercado de US$ 500 bilhões de receita. Ele reiterou que médicos, prestadores e o sistema sofrem porque há grande desperdício e perdas de prazo. “85% dos médicos brasileiros reclamam das glosas. Dizem que são impactados em suas atividades diárias”, reforçou. Ele explicou que o caminho é pensar junto estratégias de ciclos da receita e gerenciamento de capital humano, dos processos e tecnologia, além de engajar os médicos nos processos. A apresentação pode ser acessada aqui.

Medicina preventiva – Por sua vez, o diretor médico executivo da Hapvida NotreDame Intermédica, Francisco de Andrade Souto, falou sobre o modelo de verticalização para a saúde suplementar e apresentou a experiência de sua empresa, que conta com mais de 28 mil médicos, dispõe de 85 hospitais e atende mais de 16 milhões de clientes.

Segundo ele, há um controle total da jornada do cliente, com monitoramento ininterrupto, por meio de tecnologia on-line e pesquisas, a fim de garantir segurança e acolhimento ao atendimento. “Com tudo isso, conseguimos desenvolver programas de medicina preventiva”, concluiu. Acesse a apresentação aqui.

Já Helidea de Oliveira Lima, diretora nacional de Qualidade Assistencial da Rede D’Or São Luiz, tratou de qualidade como princípio orientador de um sistema de saúde eficiente. Ela falou sobre a importância de o médico liderar todo o processo, porque “se ele estiver envolvido e engajado, o atendimento será o melhor possível”.

“Sabemos que médicos, que são os tomadores de decisão, não aprendem gestão na faculdade. Então, temos que engajá-los nesse sentido. Assim, teremos um sistema de saúde que entrega os melhores resultados possíveis aos pacientes com o mais baixo custo possível”, resumiu. A apresentação pode ser acessada aqui.

Pagamento por Performance – Na sequência, o diretor executivo da Soluções Avançadas em Saúde, Eduardo Maia, trouxe considerações sobre a complexidade do pagamento por performance ao dia a dia médico. Em sua exposição, destacou que a prática pode trazer resultados positivos ou negativos, a depender do contexto em que é aplicado, por quem e onde.

Ele lembrou que esse tipo de pagamento surgiu para melhorar a qualidade assistencial, mas que a literatura reflete potenciais armadilhas éticas e consequências não intencionais, como incentivar potencialmente a desmarcação de pacientes que são difíceis de tratar e que tornariam mais difícil atingir as metas de desempenho. Acesse a apresentação aqui.

Outras contribuições sobre o tema foram aportadas pelo diretor tesoureiro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Frederico Valadares Pena, que declarou ser preciso atender melhor os usuários de planos de saúde em todo o País, a um custo menor tanto para os pacientes quanto para as empresas prestadoras dos serviços.

Em sua avaliação, com respeito especificamente ao setor da oftalmologia, é necessário encontrar caminhos para a mensuração mais efetiva das atividades dos profissionais da área para que os recursos financeiros sejam melhor empregados e as pessoas sejam melhor atendidas. A apresentação pode ser acessada aqui.

Finalmente, César Luiz Lacerda Abicalaffe, presidente do Instituto Brasileiro de Valores em Saúde (IBRAVS), avaliou que a saúde deveria buscar uma gestão que priorizasse explicitamente os desfechos em saúde que são importantes para os pacientes, em relação aos seus custos.

Para Abicalaffe, é preciso melhorar a remuneração do médico com os recursos advindos da redução do desperdício e da melhoria da eficiência operacional e, idealmente, transferir ao prestador parte do risco financeiro (eficiência) e da responsabilização pelo cuidado. Acesse a apresentação aqui.

O III Fórum Nacional sobre Saúde Suplementar ainda contou com mais exposições na parte da tarde. Os debatedores discutiram sobre a relação entre médicos e operadoras, impactos da remuneração médica frente à reforma tributária e sobre os desafios atuais do setor.

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