Um grupo de diretores dos Conselhos Federal (CFM) e Regional de Roraima (CRM-RR) e de integrantes da Comissão de Médicos de Fronteira visitou no dia 18 de junho, em Boa Vista, as Casas de Apoio à Saúde Indígena (Casais) Yanomami e Leste para conhecer o trabalho médico realizado nessas unidades. “A melhor forma de compreendermos como trabalham nossos colegas que atuam na saúde indígena e em áreas de difícil de acesso é visitando localmente. Não há como apreendermos toda a complexidade desse tipo de atendimento por relatos de terceiros”, defendeu a coordenadora da Comissão de Médicos de Fronteira, Dilza Ribeiro.
Tanto na Casai Yanomami, como na Leste, os diretores do CFM conversaram com os responsáveis e buscaram entender o que pode ser feito para melhorar a segurança do ato médico e a qualidade do serviço prestado à população indígena. “Percebemos que há uma diferença entre o que está previsto nas normas que regem essas Casas de Apoio e a prática clínica nesses locais. O CFM, imbuído no propósito de melhorar o atendimento da população indígena, vai buscar formas de orientar os médicos atuantes nessas áreas”, adiantou o 1º vice-presidente do CFM, Emmanuel Fortes.
Na Casai Yanomami, o grupo foi recebido pelo diretor médico clínico, Raphael Bezerra, que mostrou a estrutura da instituição e os problemas enfrentados. Pensadas para serem lugares de apoio e de passagem para os indígenas que precisam fazer tratamentos prolongados em Boa Vista, as Casais se tornaram lugares para serviços de média complexidade e, também, como lugares de longa permanência. Lá, são coletados e laudados alguns exames como hemograma completo, função renal, hepática e de proteína. Três médicos atuam no local, incluindo o diretor clínico.
No dia da visita, a Casai estava recepcionando 430 pessoas, sendo 250 pacientes e 180 acompanhantes. Toda a locomoção dos pacientes é feita por avião, já que a reserva Yanomami está localizada ao sul do estado de Roraima.
A Casai Leste recebe indígenas que moram numa região mais próxima a Boa Vista. Nela, a população é mais flutuante, já que semanalmente há carros que fazem o transporte dos pacientes e de seus acompanhantes. No dia da visita, 220 pessoas estavam abrigadas no local, sendo 140 pacientes. Dois médicos atuam no local, mas a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) pretende realocá-los. “Não podemos perdê-los”, comentou Danieli Oliveira Rodrigues, coordenadora do serviço de enfermagem da Casai Leste.
Muitos dos problemas relatados pelos responsáveis pelas Casais Yanomami e Leste fizeram parte das preocupações discutidas durante o V Fórum de Médicos de Fronteira, realizado no dia 17 de junho, como a falta de resolutividade nas áreas distantes, o que acaba por aumentar os custos com locomoção, além das barreiras linguísticas e das dificuldades em dar condições de trabalho e fixar o profissional nas áreas mais desassistidas.