Representantes de quatro especialidades médicas – cirurgia plástica, oftalmologia, ginecologia e perícia médica – alertaram para o risco que a população corre ao se consultar e se submeter a procedimentos por profissionais não médicos. Foi durante o I Fórum sobre Ato Médico, promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), realizado em 22 de março, em Brasília (DF). O encontro destacou a importância de se trabalhar pela segurança do paciente diante das invasões competências exclusivas da medicina previstas na Lei nº 12.842/13.
Vagner Carvalho Rocha, indicado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), listou uma série de erros e consequências de procedimentos e cirurgias estéticas realizadas por profissionais de outras áreas. Por sua vez, Maria Auxiliadora Monteiro Frazão, secretária geral do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO),
trouxe exemplos de pacientes que tiveram complicações na visão após atendimento com optometristas.
Segurança – Já o conselheiro federal Alceu Pimentel tratou da invasão do ato médico na ginecologia e obstetrícia, destacando os problemas decorrentes da implantação de DIU e da interferência das doulas nos partos. “No total, mais de uma dezena de atividades ficaram resguardadas expressamente pela lei. Mas, regularmente o CFM tem precisado ir à justiça para garantir a segurança da categoria e dos pacientes”, disse.
Na sequência, o conselheiro federal Alcindo Cerci Neto apontou as atividades da perícia médica que têm sido comprometidas pela ação de outras categorias da saúde. Segundo ressaltou, “temos que proteger o ato médico pericial pois, sem nenhuma dúvida, se ele for prejudicado, essa invasão vai escalonar em todas as outras áreas da medicina”.
Prejuízos – Os debates foram coordenados pelos conselheiros federais Maria Teresa Renó, coordenadora da Câmara Técnica de Oftalmologia do CFM, e Raphael Câmara, membro da Câmara Técnica de Reprodução Assistida e das Comissões de Ensino Médico e de Humanidades Médicas do CFM. Nas exposições, além dos exemplos de prejuízos que a ação de outras categorias tem causado para a população, os representantes das entidades também destacaram as ações que têm sido promovidas para combater essa situação.
Entre as iniciativas relatadas estão recursos impetrados junto ao Poder Judiciário e ao Ministério Público, assim como à Vigilância Sanitária. Para esse esforço, as entidades têm buscado subsidiar seu trabalho em leis e normas vigentes que têm sido, sucessivamente, desrespeitadas por outras categorias. Na busca da conscientização sobre o tema, as sociedades também têm se amparado em campanhas voltadas aos pacientes e na divulgação dos abusos por meio da imprensa.