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Dando continuidade à programação do segundo dia de evento, o XV Fórum Nacional de Ensino Médico, promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), debateu na manhã desta sexta-feira (1º) um dos temas mais sensíveis da formação médica no Brasil: a universalização da residência médica sem comprometer a qualidade dos programas. Com o título “Residência Médica: Qualidade versus Quantidade”, o encontro reuniu especialistas com diferentes visões e experiências no campo da educação médica, em uma análise franca sobre os desafios da expansão das vagas de residência, a qualidade da preceptoria e os descompassos entre formação e oportunidades.

Moderada por José Roberto de Souza Baratella, membro da Comissão de Ensino Médico do CFM, a mesa contou com exposições do secretário executivo da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), Rodrigo Cariri Charlerge de Almeida; da médica Rosana Leite Melo, membro da Comissão de Ensino Médico do CFM; e do representante da Associação Médica Brasileira (AMB), Fernando Sabia Tallo. A mesa foi secretariada por Lucas Henrique Rinaldi Faidiga, presidente da Associação Nacional de Médicos Residentes (ANMR).

Expandir com responsabilidade – Abrindo a mesa, Rodrigo Cariri destacou a necessidade de um sistema nacional de avaliação das residências médicas, medida considerada essencial para garantir a qualidade da formação mesmo com o crescimento do número de vagas. “Hoje, autorizamos programas e os avaliamos com visitas esporádicas, sem continuidade nem provas de habilidades. Precisamos de um sistema robusto de avaliação. Só assim será possível perseguir a universalização da residência com qualidade”, afirmou.

O secretário executivo alertou para distorções no sistema, como a crescente participação da iniciativa privada — que hoje representa 17% das vagas — e a ausência de diretrizes claras sobre onde e como expandir. “A educação é o que mais reduz desigualdades no mundo. Mas no Brasil, as políticas regulatórias são muito tênues. Não basta expandir, é preciso qualificar”, defendeu. Cariri também chamou atenção para a má distribuição das residências: “Ter apenas duas vagas de anestesiologia no Piauí é inaceitável. Precisamos corrigir esse desequilíbrio.”

Residência é especialização – Rosana Leite Melo trouxe um panorama histórico e legal da residência médica no Brasil, reforçando que a modalidade deve ser tratada como formação de especialista, e não como mera continuidade da graduação. “Formar médicos é formar profissionais que lidam com vidas humanas. A residência não pode ser reduzida a um rito formal. Precisa garantir a segurança do paciente e a reputação das instituições”, afirmou.

Ela ressaltou que a avaliação é um processo contínuo e indispensável: “Avaliar é verbo. Se avaliamos tudo no cotidiano, por que não avaliar adequadamente o médico e o preceptor?”. Rosana ainda defendeu a valorização dos preceptores como figuras centrais na formação e pediu maior atenção à saúde mental de residentes e supervisores. “Não estamos falando de choque de gerações apenas, mas de um contexto que afeta profundamente a formação médica”, alertou.

Alerta – Com uma fala contundente, Fernando Sabia Tallo chamou atenção para os efeitos da expansão desenfreada do ensino médico no Brasil. “Temos hoje mais de 300 mil médicos generalistas, muitos dos quais saem da faculdade sem nunca terem passado por um ambiente adequado de prática. Isso está criando uma subclasse médica marcada pelo subemprego, salários baixos e sobrecarga assistencial”, afirmou.

Tallo criticou a falta de dados confiáveis sobre formação médica e defendeu que a Comissão Nacional de Residência Médica se concentre na supervisão técnica e não em políticas públicas. “Precisamos de uma instância técnica, com dados consistentes, que diga o que pode ou não pode ser feito em termos formativos. A política pública deve vir depois, a partir desses diagnósticos.”

Ele também alertou para o enfraquecimento da legitimidade da residência como política pública: “A formação médica está se tornando uma formalidade. Isso é gravíssimo. Um país que já forma o maior número de médicos per capita do mundo não pode se dar ao luxo de negligenciar a qualidade.”

Compromisso – Ao reunir falas que tocaram em pontos estruturais, operacionais e éticos da residência médica, a mesa “Qualidade versus Quantidade” reafirmou o compromisso do CFM em pautar um debate qualificado e técnico sobre os rumos da formação médica. O Fórum continua com outras mesas e debates na construção de caminhos para uma formação médica mais justa, eficiente e comprometida com as necessidades da população.

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