Durante a abertura do XI Fórum de Medicina do Trabalho realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em Brasília, nesta sexta-feira (15), o presidente da Autarquia, José Hiran Gallo, e a 2ª vice-presidente, Rosylane Rocha, destacaram a importância da especialidade para a saúde dos brasileiros e, em especial, para os mais de 56 milhões que atuam no mercado de trabalho formal.

O presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), Francisco Cortes Fernandes, chamou a atenção para o crescimento do número de especialistas na área nos últimos anos. De 2011 a 2025, a quantidade de médicos do trabalho dobrou e chega hoje a 20 mil profissionais.
“A medicina do trabalho é a oitava maior em número de especialistas. Se fizermos uma conta simples, num País em que há 56 milhões de trabalhadores formais para 20 mil médicos do trabalho, veremos que cada um deles realiza 11 exames médicos por dia no Brasil. Se considerarmos que, entre abril de 2023 e março de 2024, foram registrados 24 milhões de admissões e 22 milhões de desligamentos, são 8 exames por dia realizados por cada médico do trabalho. O mercado é muito positivo na nossa área”, observou Fernandes.
Exigência de RQE – Ele reforçou a importância do Registro de Qualificação de Especialista (RQE) para a atuação na área e criticou parte dos 68 cursos de pós-graduação em medicina do trabalho existentes atualmente no País – sendo oito presenciais, 56 à distância e quatro semipresenciais – por oferecerem cargas horárias reduzidas. “O médico do trabalho faz a especialização, um curso de aperfeiçoamento, faz anos de atuação e realiza a prova de título. Não é justo que nos igualemos a uma formação que deixa a desejar”, criticou o presidente da ANAMT.

O presidente do CFM, por sua vez, destacou que o médico do trabalho não deve ser lembrado apenas nas fases de admissão e demissão de funcionários. Segundo ele, a medicina do trabalho é uma importante aliada para preservar a saúde do brasileiro por sua capacitação e preparo, com condições de liderar uma cruzada pela prevenção de agravos e transtornos que afetam a saúde do trabalhador dentro de instituições do governo e privadas.
Papel do médico – “Lesões por esforço repetitivo, dores lombares, doenças crônicas e, sobretudo, transtornos mentais e comportamentais lideram a lista de causas de pedidos de aposentadoria ou de afastamento temporário. Se o médico do trabalho contar com o suporte necessário para exercer seu papel, esse quadro será bem diferente”, lembrou.
Coordenadora do evento, Rosylane Rocha reforçou ainda que os debates sobre o uso da Inteligência Artificial na medicina e a prevenção ao Burnout e ao suicídio se tornaram comuns. Contudo, de acordo com a conselheira, chama a atenção que, muitas vezes, projeta-se o que virá sem fazer uma reflexão mais profunda. “Entendo que para saber como as inovações da ciência e da tecnologia e desafios dos males do mundo contemporâneo vão realmente impactar nossa profissão é preciso ter um olhar mais amplo”, declarou.