Diferentes sistemas de saúde têm levado pacientes a praticarem medical travels – viagens para o exterior em busca de tratamento médico especializado e de qualidade a custos mais baixos. A Associação Paulista de Medicina (APM) apoia a vinda de pacientes para o Brasil, especialmente para São Paulo, mas acredita que é preciso haver reflexão sobre a prática, a fim de assegurar as questões técnicas, éticas e legais envolvidas. Por isso, a entidade promove o I Fórum de Discussão de Medical Travel, em parceria com a Prefeitura da Cidade de São Paulo, em 18 de junho, das 14h às 18h, na sede da APM (avenida Brigadeiro Luiz Antônio, 278). “Ao apoiar a prática, a APM dialoga com instituições de saúde de forma a dar encaminhamento adequado a esses pacientes estrangeiros; do contrário, cada hospital passar a agir isoladamente, o que não é positivo nem para a medicina brasileira, nem para o paciente”, diz Ruy Tanigawa, secretário-geral da Associação. Ele acredita também que é uma ótima oportunidade para divulgar a qualidade do trabalho médico nacional, com a adequada transferência de conhecimento e tecnologia entre os países que enviam e recebem pacientes. Tal reconhecimento, no entanto, exige qualidade comprovada. “Já temos mais de 10 hospitais brasileiros creditados internacionalmente pela Joint Comission International, órgão que objetiva a melhoria da segurança do cuidado ao paciente, sendo que cinco ficam em São Paulo”, destaca Tanigawa. “A cidade é reconhecida pela qualificação de seus profissionais de saúde e de seus hospitais, tanto na área pública quanto na privada”, acrescenta o presidente da APM, Jorge Carlos Machado Curi. “Por que então não profissionalizar esse atendimento?”, questiona Curi. Ele lembra que a medida funciona como estímulo para profissionais se especializarem cada vez mais, além de potencializar ações em parceira com entidades médicas e instituições de saúde. Realidade atual Fica mais claro compreender essa prática se considerarmos o sistema médico de países como Estados Unidos e Canadá. O primeiro deles tem, atualmente, 47 milhões de pessoas sem planos de saúde – que ainda veem o serviço encarecer cerca de 6% ao ano. Já o segundo sofre com longas filas de espera no atendimento, gerando cerca de 4,5 bilhões de dólares de investimento em projetos para amenizar tal problema, segundo dados do Deloitte Center for Health Solutions. Este panorama levou mais de 500 mil norte-americanos para outros países, somente no ano de 2006, em busca de tratamento qualificado e econômico, de acordo com a SPTuris, empresa de Turismo e Eventos da Prefeitura da Cidade de São Paulo. O paciente americano e canadense, portanto, acaba optando por tratamentos em países como o Brasil, Tailândia, Malásia e Cingapura, o que deve gerar movimentação de cerca de 60 bilhões de dólares em todo o mundo entre 2012 e 2015, uma vez que tal prática envolve, ainda, os setores hoteleiro e gastronômico, entre outros. “Para cada dólar que o paciente investe no tratamento médico, são gastos mais 8 em atividades diversas”, afirma Mariana Palha, sócia-fundadora da empresa Medical Travel Brasil. Aliás, o paciente que vem ao Brasil (180 mil, apenas nos últimos três anos) é o estrangeiro que permanece no país por mais tempo: cerca de 20 dias – e é também o que mais gasta (em torno de 120 dólares por dia). Em 2003, 0,5% dos estrangeiros chegaram ao Brasil para finalidades médicas e, em 2005, a porcentagem aumentou para 0,9%, o que representa mais de 50 mil pessoas, segundo dados da SPTuris. A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) ressalta que, especificamente em São Paulo, são mais de 1,5 milhão de estrangeiros, ao ano, em viagens de curta duração, sendo que a busca por tratamento médico é a quarta principal motivação de visitas, perdendo apenas para negócios, lazer e estudos. Perspectivas “Em alguns países, já existe o visto médico, diferente do de negócios ou turismo, garantindo orientações mais específicas”, conta Mariana. “A identificação com este documento contribui para o registro de indicadores sobre a prática, que visam a melhoria constante dos serviços, de acordo com as necessidades dos pacientes.” Dessa forma, também é possível desenvolver uma série de serviços complementares ao tratamento, como recepção bilíngüe e transporte personalizado, por exemplo. “Ainda assim, o paciente consegue economizar 85% do montante que gastaria em seu próprio país, até porque muitos possuem planos de saúde com cobertura internacional”, revela a executiva da Medical Travel Brasil. Dando continuidade aos debates, a APM também apoiará o Medical Travel Meeting Brazil, um painel que acontecerá entre 25 e 29 de agosto, no Grand Hyatt São Paulo. Informações: Fonte: APM
Medical Travel: APM debate a tendência em 18 de junho
11/06/2010 | 03:00