A cidade de Salvador (BA) recebeu, na manhã desta quinta-feira (30), a solenidade de abertura do II Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina (ENCM) de 2025 – Gestão 2024/2029, reunindo representantes do sistema conselhal de todo o país. José Hiran Gallo, presidente do Conselho federal de Medicina (CFM); o anfitrião Otávio Marambaia, presidente do Conselho Regional de Medicina do estado da Bahia (CREMEB); e os conselheiros federais Maíra Pereira Dantas e Antônio Meira, representantes da Bahia, deram suas mensagens de boas-vindas.
“A realização deste Encontro de Conselhos de Medicina, é um retorno às origens. É o reconhecimento de que nossa história no Brasil foi tecida com esforço, compromisso, lastro científico e ética — características que permanecem como bússolas para o presente e o futuro. A medicina é uma arte milenar, forjada pela curiosidade humana e o desejo de aliviar o sofrimento”, disse o presidente Gallo.
Em seu discurso, o presidente falou sobre os desafios da gestão: “Multiplicam-se as escolas médicas — hoje já são quase 500 — muitas delas sem hospital-escola, sem corpo docente qualificado, sem campos de estágio. O resultado é a formação de médicos sem a base necessária para enfrentar o mundo real da linha de frente do atendimento. Quando isso ocorre, muitas vezes, o doente fica exposto ao risco desnecessário por falhas no processo formador. Ambos – paciente e egresso – são vítimas de um sistema perverso e deturpado por interesses econômicos e políticos. Por isso, o Conselho Federal de Medicina defende, com convicção e serenidade, a criação do Exame Nacional de Proficiência em Medicina, que está muito perto de sua aprovação pelo Congresso Nacional”.
Entre outros temas, o presidente fez uma reflexão sobre o sistema conselhal: “Entendo que divergências são naturais — e até desejáveis — numa instituição democrática. Elas trazem pluralidade, estimulam o pensamento e fortalecem as decisões. Nosso sistema de conselhos é um ecossistema em que as divergências precisam dialogar para gerar soluções. Divergir com respeito é sinal de maturidade institucional. Convergir com propósito é uma demonstração de grandeza. A medicina precisa de união em torno de princípios e valores comuns, como ética, competência e compromisso com o ser humano. E o CFM tem buscado trilhar esse caminho com serenidade, mas também com firmeza”.
Escuta e diálogo – Otávio Marambaia celebrou a realização do encontro em Salvador e ressaltou a importância de ouvir as bases do sistema conselhal. “Insistimos muito pela realização do ENCM aqui na Bahia, é uma honra receber vocês. A medicina está sob ataque e precisamos de um sistema forte, coeso, unido. O protagonismo neste encontro é de vocês. O microfone está aberto”, destacou.
União e empatia – A conselheira federal Maíra Pereira Dantas, que é a coordenadora da Comissão de Humanidades Médicas do CFM, lembrou a importância de resgatar a dimensão humanista da prática médica. “Sem a defesa da medicina, o paciente é o maior vulnerável. Que não esqueçamos que precisamos resgatar a empatia por meio das Humanidades Médicas”, disse.
Por fim, o conselheiro federal Antônio Edson Souza Meira Júnior deu as boas-vindas aos participantes, lembrando o simbolismo histórico da cidade-sede. “Sejam bem-vindos à primeira capital do Brasil, onde a medicina se iniciou. É uma alegria receber representantes de todos os estados trabalhando pela defesa da medicina”, concluiu.
Homenagens – Durante a cerimônia, o CFM prestou homenagens a três médicos que se destacaram pela trajetória exemplar em defesa da ética e da medicina brasileira: Helena Maria Carneiro Leão, João Gonçalves de Medeiros Filho e Ivana Raimunda de Menezes Melo. A entrega das placas foi conduzida pelos conselheiros federais Eduardo Jorge da Fonseca Lima, Bruno Leandro de Souza e Alexandre Rodrigues.