A religiosidade e a espiritualidade podem afetar as condições de saúde e de adoecimento dos pacientes? Este foi o grande debate realizado na mesa redonda “Medicina e Espiritualidade em Foco”, que debateu dois temas: “Conceito e evidências o impacto da espiritualidade em saúde”, apresentado pelo cardiologista Álvaro Avezum Junior, e “Espiritualidade na prática clínica: evidências e diretrizes”, debatido pelo psiquiatra Alexander Moreira de Almeida.
O evento já está disponível na página do CFM no YouTube. Acesse AQUI.
Em sua fala, o cardiologista Álvaro Avezum apresentou vários estudos que comprovam como a espiritualidade pode melhorar a saúde de cardiopatas. Um desses estudos, avaliou 12 fatores relacionados ao infarto e ao Acidente Vascular Cerebral (AVC), sendo que dois, o estresse e a depressão, estão relacionados à espiritualidade.
“Essa pesquisa mostrou que esses dois fatores são responsáveis por 32% dos infartos no mundo. Sendo que no Brasil este percentual é de 44%. Ou seja, além de marcadores como genética e hábitos saudáveis, questões relacionadas à espiritualidade podem contribuir, e muito, para a prevenção de cardiopatias”, argumentou. Outro estudo, com enfermeiros americanos, mostrou que a religiosidade estava relacionada a redução de 30% da mortalidade desses profissionais. Acesse a apresentação AQUI.
Álvaro Avezum também ressaltou a necessidade da construção de evidências científicas sobre o papel da espiritualidade nos processos de cura. Para que esse conhecimento seja construído, ele propôs alguns passos, como a investigação, a confluência de saberes e a elaboração de hipóteses científicas. “A ciência pode elucidar a nossa prática clínica baseada na espiritualidade”, afirmou.
Ao falar sobre “Espiritualidade na prática clínica: evidências e diretrizes”, o psiquiatra Alexander Moreira de Almeida também elencou vários estudos sobre o impacto da espiritualidade na saúde das pessoas.
Um desses estudos, que acompanhou 90 mil americanos por 14 anos, mostrou que quem tinha alguma religiosidade teve uma mortalidade por suicídio seis vezes menor do que quem não tinha nenhum acompanhamento espiritual. Outro estudo, realizado com pacientes em hemodiálise, mostrou que pessoas com alguma religiosidade suportavam melhor o tratamento e eram mais felizes. Acesse a apresentação AQUI.
O psiquiatra destacou que a espiritualidade não vai substituir o tratamento convencional “são abordagens integradas”. Também sugeriu que os médicos, ao realizarem a anamnese, façam a coleta histórica espiritual do paciente, procurando saber mais sobre a fé e a crença religiosa, a importância que o paciente dá ao apoio espiritual, se faz parte de comunidades de apoio e quais ações está disposto a empreender em busca da saúde. “Além disso, é preciso incentivar abordagens colaborativas e virtudes como o perdão e a generosidade”, afirmou.
Os dois palestrantes enfatizaram que a espiritualidade não deve ser confundida com religiosidade e que devem ser feitos mais estudos para corroborar o que muito médicos já vivenciam em suas práticas clínicas.