Dados do Ministério da Saúde revelam que, entre 2011 e 2017, 74 municípios de fronteira reduziram em quase 3 milhões o número de consultas realizadas. Se consideradas as 122 cidades, o saldo de consultas nessa área se mostraria negativo, com uma queda de 17% na oferta desse serviço nos últimos sete anos.
“São localidades distantes dos centros urbanos e, muitas vezes, de difícil acesso. Nelas vive uma população que também precisa ter acesso a diagnósticos e tratamentos. Por isso, a oferta de serviços públicos de qualidade tem sido um desafio”, alertou a conselheira Dilza Teresinha. Os indicadores revelam também que a cada ano são registradas cerca de 200 mil internações de moradores das cidades de fronteira. No entanto, em média, quase 16 mil delas acontecem em munícipios fora dessa zona, ou seja, o paciente é obrigado a se deslocar para ter acesso a atendimento.
Em 2017, dos 22.745 partos registrados nessa área, mais de 1.700 aconteceram fora dos limites fronteiriços. O mesmo é observado nas internações para tratamento de pneumonias ou gripe influenza: das 13.835 registra[1]das no ano passado, quase mil tiveram de ser realizadas em outras localidades.
Doenças – O Conselho Federal de Medicina também avaliou a situação epidemiológica nas fronteiras. No caso da tuberculose, 92 municípios registraram ocorrência da doença. Em 38 dessas localidades, a taxa de incidência por 100 mil habitantes foi superior à média nacional (33,83). As situações mais graves foram nos municípios de Santa Rosa do Purus (AC), Assis Brasil (AC) e Porto Velho (RO), com índices de 232,52; 189,42; e 100,94 casos, respectivamente.
Erradicada em muitos países, a hanseníase é outra doença presente nos municípios de fronteira. Embora não tenha sido detectado nenhum caso em 52 municípios de fronteira em 2015, em 60% das 70 cidades onde houve a doença a taxa de detecção ficou acima da média nacional (10,2 (10,23 casos novos confirmados por 100 mil habitantes).