Após dois dias discutindo os rumos do ensino médico no Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) encerrou, nesta sexta-feira (1º), o XV Fórum Nacional de Ensino Médico — evento que se consolidou como um dos principais espaços de debate sobre os rumos da formação médica no Brasil. O encerramento das atividades contou com a leitura da “Carta de Brasília”, documento que sintetiza os principais consensos e posicionamentos resultantes das discussões realizadas ao longo dos dois dias de programação.

Responsável pela leitura do texto, o conselheiro federal Alcindo Cerci, organizador do evento, ressaltou que o Fórum reafirma seu papel como “espaço qualificado para escuta, troca e construção coletiva de caminhos para o ensino médico no Brasil”. Em sua fala, Cerci destacou a urgência de uma atuação mais firme dos órgãos reguladores e a necessidade de se preservar a qualidade na formação diante da expansão desenfreada dos cursos. “Não basta formar mais médicos — é preciso formar bons médicos”, afirmou.
A Carta de Brasília expressa a preocupação do CFM com a expansão desordenada de cursos de Medicina no país, frequentemente instalados em localidades sem a infraestrutura mínima necessária para garantir a formação adequada. O texto alerta para a falta de fiscalização eficaz e destaca como conquista recente a publicação da Resolução CFM nº 2.434/2025, que regulamenta os campos de estágio dos cursos e confere aos Conselhos de Medicina a prerrogativa de interditar eticamente locais que não garantam condições adequadas de ensino.
O XV Fórum Nacional de Ensino Médico também concluiu pela necessidade urgente de instituir, no Brasil, um Exame Nacional de Proficiência em Medicina. Tal exame deverá ser de aprovação obrigatória como pré-requisito para o registro profissional nos Conselhos Regionais de Medicina.
“A formação de qualidade é condição essencial para garantir uma medicina digna — aquela que a população brasileira merece”, conclui a Carta de Brasília.