Os médicos que em 165 hospitais de todo o Brasil preparam os futuros ortopedistas se reuniram nesta sexta-feira (dia 3) e no sábado (dia 4), no Caesar Park Hotel, próximo ao aeroporto de Guarulhos, para um curso de capacitação e padronização do ensino a ser ministrado aos médicos residentes que farão o exame para ter o Título de Ortopedista.
A iniciativa da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT é pioneira entre as especialidades médicas que, num esforço que envolveu dezenas de professores, preparou aulas padronizadas para os residentes. “O objetivo é que os ortopedistas do Brasil inteiro, tanto das grandes cidades como dos pequenos centros tenham exatamente a mesma formação”, explica o diretor do programa, Romeu Krause, que já foi presidente da SBOT.
O projeto é ambicioso, confirma o atual presidente da SBOT, Geraldo Motta. “O Brasil tem cerca de 10.600 ortopedistas titulados, número aquém das necessidades”, diz, e com o ‘Fórum de Preceptores’ a entidade quer que os residentes de cidades distantes dos grandes centros, Manaus, Teresina, Natal, por exemplo, recebam a mesma instrução e treinamento das instituições com nível de excelência, como o Hospital das Clínicas de São Paulo, o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, do Rio de Janeiro e a Santa Casa de São Paulo.
Krause explica que, depois de formado, um médico faz três anos de residência num hospital ou serviço de Ortopedia, para submeter-se ao exame da SBOT, que concede o Título de Ortopedista. Acontece que o ensinamento dado aos residentes dos grandes hospitais era mais adequado e completo que o ministrado nos pequenos centros e há diferença também entre a formação de um médico de uma Faculdade tradicional e das novas faculdades que estão se multiplicando, tanto que 27% dos 600 candidatos que a cada ano se submetem ao exame de titulação são reprovados.
Não há carreira de preceptor – O presidente da SBOT afirma que o problema não é só de capacitação do preceptor, também é preciso criar uma carreira, para evitar o que hoje acontece. “O ortopedista trabalha dois ou três anos como preceptor, isto é, orientando e ensinando os residentes e abandona essa tarefa para montar seu consultório ou para trabalhar em outro hospital”, conta Motta.
“No Brasil se fala muito no residente, em treinamento e capacitação do residente, mas não há preocupação com a formação do preceptor, isto é, do profissional que transmite o conhecimento ao residente”, diz Krause.
Por isso mesmo a atual Diretoria da SBOT investe não apenas na formação do preceptor, como já se reuniu com deputados que são médicos, Ronaldo Caiado e Luiz Henrique Mandetta, entre eles. A entidade teve encontros também com Carlos Vital Corrêa Lima, do Conselho Federal de Medicina, para que seja preparado um projeto de carreira para o preceptor, que lhe garanta remuneração adequada e ascensão dentro da profissão.
25 Professores – Para capacitar os preceptores, Romeu Krause reuniu 25 professores, entre os mais renomados ortopedistas brasileiros, que prepararam as 230 aulas do curso para residentes, o que garante o nivelamento das condições de ensino que passa a ser de alta qualidade.
“O preceptor tanto de Rio Branco, no Acre, como de Porto Alegre dará a mesma aula sobre fratura de colo de fêmur, de lesão de ligamento de joelho, de terço médio de tíbia, por exemplo”, diz ele que completa: “fará colocação idêntica ao falar sobre ética médica e vai ensinar o residente até mesmo a pesquisar na internet, a se preparar para sua tese de doutorado”.
É um projeto tão importante que outras sociedades médicas já o estão analisando, tendo em vista capacitar igualmente seus preceptores para o treinamento dos residentes das demais especialidades.
Fonte: SBOT