Desenvolvida pelo CFM, a Demografia Médica 2023 mostra que o Brasil possui médicos ativos, com registro nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), em número absoluto sufi ciente para atender às necessidades da população. Apesar de ter um dos maiores contingentes do mundo, ainda há um cenário de desigualdade na distribuição, fixação e acesso aos médicos.
Pelos dados disponíveis na plataforma, percebe-se que a maioria dos médicos segue concentrada nas regiões Sul e Sudeste, nas capitais e nos grandes municípios. Nas 49 cidades com mais de 500 mil habitantes, que concentram 32% da população brasileira, estão 62% dos médicos do País.
Já nos 4.890 municípios com até 50 mil habitantes, onde moram 65,8 milhões de pessoas, estão pouco mais de 8% dos profissionais da área, ou seja, em torno de 42 mil médicos. Os números são de dezembro de 2022, quando o Brasil já contava com cerca de 546 mil médicos ativos.
Além de inovar ao incluir buscas por municípios agrupados segundo porte populacional, a ferramenta também permite conhecer dados de capitais e do interior.
Juntas, as 27 capitais brasileiras reúnem 54% dos médicos, apesar de responderem por 24% da população do País. Por outro lado, no interior há 76% da população e 46% dos médicos. De acordo com a Demografia Médica, as capitais têm em média 6,21 médicos por mil habitantes e, no interior, esse índice é de 1,72.
As diferenças também ocorrem entre as regiões brasileiras. Enquanto no Norte moram 8,8% da população brasileira, nela trabalham 4,6% dos médicos do País. O Nordeste abriga 27% dos brasileiros e 18,5% dos médicos. O Sudeste tem 42% da população e 53% dos profissionais. Já o Sul e o Centro-Oeste abrigam, respectivamente, 14,3% e 7,8% da população e têm 15,7% e 8,4% dos médicos do País.
“No Brasil, testemunhamos um cenário de forte desigualdade na distribuição de médicos pelo território. A maioria dos profissionais têm optado por se instalar nos estados do Sul e do Sudeste e nas capitais devido às condições de trabalho. Aqueles que moram no Norte, no Nordeste e nos municípios mais pobres do interior se ressentem da falta de investimentos em saúde, dos vínculos precários de emprego e da ausência de perspectivas”, destaca o presidente do CFM, José Hiran Gallo.
Segundo ele, o País precisa de políticas de atração e fixação de médicos. Caso isso não ocorra de forma substantiva, a dificuldade no acesso se manterá e a qualidade da assistência na rede pública não atingirá o padrão de qualidade desejado, adverte o presidente.