TOXCEN Na década de 80, trabalhei durante 05 (cinco) anos no Pronto Socorro do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG). Já naquela época, todos os dados referentes a pacientes que chegavam ao hospital com quadro clínico por intoxicação eram registrados pela Dr.ª Sony de Freitas Itho, em seu caderno de anotações, imaginando, quem sabe, um dia, poder servir a toda a comunidade. Pois bem, no dia 27 de novembro de 2002 fui convidado para representar o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo, CRM-ES, na comemoração dos 10 (dez) anos de fundação do Centro de Atendimento Toxicológico – TOCXEN, ocasião em que tive a honra de compor a mesa. O TOXCEN foi implantado pela Dr.ª Sony em abril de 1992, sendo o primeiro Centro de Intoxicações do Estado, sediado no próprio Hospital Infantil, funcionando em regime ininterrupto de plantão, 24 horas por dia. É apoiado pelo HINSG, por meio da cessão, na quase totalidade, dos materiais de apoio e consumo, de medicamentos especiais, dos antídotos e soros, assim como da alimentação e dos vales-transportes dos plantonistas. É um serviço subsidiado pela Secretaria de Estado da Saúde e está ligado ao Ministério da Saúde por meio da Gerência Geral de Toxicologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e ao Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX), tendo como objetivo fundamental a informação e orientação a profissionais de saúde humana ou animal, no atendimento, diagnóstico, tratamento e acompanhamento de agravos de natureza toxicológica, provocados por quaisquer substâncias potencilamente tóxicas. Atua também ministrando aulas sobre assuntos de interesse na área, para médicos e outros profissionais de saúde, em entidades públicas e privadas, tanto para a população da capital e interior, como para outras cidades de Estados vizinhos, desenvolvendo ainda, palestras sobre prevenção de acidentes tóxicos em comunidades, escolas e creches, empresas e hospitais. Em 1992, contou com uma equipe de 10 plantonistas acadêmicos de medicina, uma auxiliar para elaboração das fichas em sistema manual e sua médica fundadora. Atualmente, conta com 25 plantonistas acadêmicos em medicina, quatro médicos pediatras, uma psicóloga e três administrativos, que atuam diariamente nos hospitais Infantil, Dório Silva, Santa Casa de Misericórdia de Vitória, São Lucas, Antônio Bezerra de Farias e HUCAM, respondendo por uma média de 330 atendimentos/mês, tendo contabilizado ao longo de 10 anos de atuação 19.197 atendimentos. Nesses 10 anos, o TOXCEN difundiu aos profissionais de saúde e leigos, informações téncicas atualizadas, proporcionando novos rumos e melhoria da qualidade do atendimento aos intoxicados, reduzindo assim, os índices de mortalidade, principalmente entre adultos, quando nas intoxicações intencionais (suicidas), além de ter estimulado, direcionado e formado profissionais com capacidade em diagnosticar e tratar adequadamente os pacientes que são atendidos nos inúmeros serviços de urgência e emergência deste Estado. Portanto, é impossível dimensionar a importância do Centro de Atendimento Toxicológico, que graças a sua fundadora, Dr.ª Sony Itho, juntamente com os demais preceptores desse louvável projeto, Drs. Valmin Ramos da Silva, Mírian Lúcia Chiqueto, Maria de Fátima Reis Ceolin e a psicóloga, Elizabeth Macedo, bem como aos seus colaboradores diretos e indiretos, proporcionou à comunidade em geral um serviço de qualidade no atendimento aos intoxicados e, aos profissionais de saúde, riqueza de conhecimento técnico e científico na área. Parabenizo a todos esses profissionais e em especial a Dr.ª Sony Itho pela iniciativa do projeto, ficando registrado em minha memória sua garra e perseverança na busca da realização de um sonho, que para privilégio de todos, hoje faz parte de nossa realidade. Obs: O telefone de contato do TOXCEN é (27) 3137-2400/0800 283-9904. Dr. Fernando Rodrigues Costa Diretor do CRM-ES Opinião II Cooperativas Médicas Dr. João Luiz Carneiro A mediocridade que sempre caracterizou as nossas administrações públicas teria, mais cedo ou mais tarde, que investir contra as Cooperativas Médicas, pela simples razão de que elas deram certo. Ao medíocre, isto é indesculpável. Fala-se em administrar interativamente. Quando os grupos organizados da comunidade resolvem um problema, vem o governo e se põe contra. Como não ter mais vagas de médico para barganhar nas horas de acordo? Chamando-se acordo a troca desavergonhada de princípios, programas partidários, convicções. Tudo está à venda. Tudo se troca. Como permitir que médicos não dependam mais de cartinhas de recomendação para arrumar um emprego? Médicos que independem de sindicatos? Jamais. Desonestamente e de má fé, publicam salários que usufruiriam os médicos, mas não dizem que impostos, administração, etc, nos levam 30% do que nominalmente nos seria pago. Por fim, são exagerados os honorários dos médicos cooperados? Eu diria que são miseráveis os salários dos não cooperados. Mais importante que o fato do Estado ter deixado de pagar aposentadorias, férias, fundos de garantia, etc, foi o fato de que desapareceram das manchetes dos jornais aquelas chamadas escandalosas: “Passou por dez hospitais sem ser atendido e morreu no táxi”. Produzem pouco as Cooperativas? É possível que sim. Como produzir mais, se a cada manhã falta roupa esterilizada para se começar o dia de trabalho? Faltam produtos farmacêuticos. Prescrevemos medicamentos no verso de qualquer impresso, porque não há folhas de prescrição. Faltam exames complementares. Etc, etc, etc. Fica na alma da gente u’a mágoa: a mágoa do não reconhecimento do nosso trabalho. Mas fica também uma certeza: estas autoridades não conhecem o sistema de saúde do Estado, nem suas unidades hospitalares. Não há um plano de trabalho, sério, continuado, persistente. No próximo troca-troca, vai tudo pro espaço, e vamos em frente… As Cooperativas terão passado. Os pósteros falarão da covardia dos médicos que admitem que qualquer despreparado atinja, de forma cruel, o seu exercício profissional. Ninguém se levantará, na defesa, não dos médicos, mas de seus doentes, pobres, esquecidos, que voltarão a enfrentar humilhações, sofrimentos, que pensávamos pertencerem ao passado. É pena, votamos nesta gente, com tanta fé, com tanta esperança. E cada um consegue ser pior do que o que o antecedeu. Tudo igualzinho, tudo farinha do mesmo saco! Por fim: gastamos metade das verbas da Secretaria de Saúde. Que culpa temos se saúde nunca foi prioridade para nenhum governo? Ou melhor, até que inauguram unidades de saúde, como inauguram coretos, com paratibuns, desfiles, etc, principalmente em época de eleições, para abandoná-las depois, sem pessoal adequado, etc. Ou será que eu estou tendo apenas um pesadelo, que tudo haverá de se revelar falso, tão logo eu caia da cama e acorde suado? O Autor dirigiu a AMES, nos anos da Ditadura. Mas havia mais respeito aos Médicos…
TOXCEN
08/07/2003 | 03:00