“A Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde comemora uma série de indicadores positivos alcançados em 2004 nas áreas de vigilância, prevenção e controle de doenças. Nesse ano, os resultados consolidaram a posição destacada que tem nosso país no plano global”. A constatação é do secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa. Entre outros pontos, ele ressalta que o Brasil detém, atualmente, um grande reconhecimento da comunidade internacional nessas áreas da saúde pública. Barbosa cita fatos como a cobertura vacinal (tanto para idosos quanto para crianças), a atenção especial para doenças como hanseníase e tuberculose, que, segundo ele, foram colocadas no topo de prioridades do Governo Lula. Como outros destaques, o secretário menciona o controle da dengue e a continuidade do sucesso do Programa de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (DST/Aids). “O Brasil é reconhecido por organismos internacionais como uma nação que se situa na primeira divisão mundial da saúde pública. Temos de trabalhar para manter e aperfeiçoar nossas conquistas”, diz o secretário, que nessa retrospectiva sobre o ano de 2004 vai além e enumera algumas metas para 2005. O ano de 2004 foi considerado muito positivo por Jarbas Barbosa. “Na área de imunizações, tivemos 85% de cobertura na vacina contra a gripe, a vacina dos idosos. Essa é, certamente, a maior cobertura do mundo em vacinações de gripe para idosos e já está acima do que a Organização Mundial de Saúde (OMS) colocou como meta para 2010. Nos Estados Unidos, houve falta de vacinas e filas. O próprio presidente George Bush teve de pedir racionalidade aos americanos para garantir que pelo menos os mais vulneráveis tivessem acesso às vacinas escassas. O Brasil conseguiu fornecer gratuitamente vacinas para toda a população com mais de 60 anos, superando a meta fixada, que era de 70%”, assinalou o secretário. Hanseníase e tuberculose “Na área das grandes endemias também temos muito que comemorar. Os programas de tuberculose e hanseníase, infelizmente, tinham ficado esquecidos ao longo de vários anos, com resultados vergonhosos. Agora, foram tirados de baixo do tapete”, afirmou Barbosa, acrescentando que a hanseníase e a tuberculose passaram a integrar, de fato, a agenda de prioridades do Ministério da Saúde. “Tivemos as primeiras campanhas publicitárias desde 1998, tanto de tuberculose quanto de hanseníase, estimulando as pessoas a procurar os serviços de saúde para detecção precoce dessas doenças e seu tratamento. Contratamos uma força-tarefa que está ajudando as secretarias estaduais de Saúde a mobilizar os municípios, fazendo treinamentos e colocando os programas efetivamente em curso, tirando-os do papel e colocando-os na vida prática do Sistema Único de Saúde (SUS). Tivemos, ainda, um processo de mobilização da sociedade, quando lançamos a Parceria Brasileira contra a Tuberculose e a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em eventos no Acre voltados para combater a estigmatização dos portadores de hanseníase. Os esforços brasileiros nessas duas áreas já se refletem na ampliação da descentralização do diagnóstico e do tratamento e são reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que, em sucessivas manifestações oficiais ao ministro Humberto Costa, tem reconhecido a mudança de enfoque que o Brasil teve em relação a esses programas, que deixaram de ser negligenciados e hoje estão no topo das prioridades do Ministério”, diz. Dengue Com relação à dengue, o Programa Nacional de Controle da Dengue, segundo Barbosa, é outro exemplo. “Depois da grande epidemia de 2002, quando foram registrados mais de 750 mil casos, obtivemos, já em 2003, um resultado muito positivo, com uma redução de 57,5%. Melhoramos ainda mais em 2004. Reduzimos o número de casos em 74% em relação a 2003 e em 92%, comparando com 2002. Além dessa importante redução, o PNCD conseguiu implantar novas metodologias, como o Levantamento Rápido do Índice de Infestação (LIRa), que permitem uma maior capacidade de previsão, fortalecendo a vigilância epidemiológica dessa doença. Temos vários dados que comprovam a consolidação das ações de prevenção e controle da dengue nos municípios, dando sustentabilidade para a redução do número de casos e evitando novas epidemias. O percentual de localidades nos municípios de alto risco situadas numa faixa considerada segura de infestação pelo mosquito, que é menos de 1%, cresceu de 34,6% em 2003 para 43,4% em 2004. E, além disso tudo, tivemos uma excelente campanha publicitária para o Dia D da Dengue e novas iniciativas para envolver comunidades e empresários”, acentuou Barbosa. DST/Aids Jarbas Barbosa disse que em áreas como a do Programa de DST/Aids, o desafio foi manter um programa que já era muito vitorioso e conquistar novos êxitos, suprindo as lacunas existentes. “Focalizamos, em 2004, nossos esforços para responder problemas que ainda temos no Brasil, como a taxa insuficiente de detecção de gestantes com HIV, para prevenir a transmissão vertical da aids, além dos números ainda vergonhosos que apresentamos de casos de sífilis congênita. Queremos que em 2005 nenhuma gestante brasileira deixe de fazer o teste para HIV e o teste para sífilis, para que possamos, praticamente, eliminar tanto a sífilis congênita quanto a aids de transmissão vertical”, afirmou o secretário. Surtos Conforme Barbosa, em 2004 o país continuou livre de sarampo, apesar da intensa circulação do vírus causador dessa doença em todos os continentes, com exceção das Américas. Segundo ele, todos os indicadores utilizados internacionalmente para avaliar a qualidade da vigilância epidemiológica dessa doença e de outras, como as Paralisias Flácidas Agudas, apontam para um processo progressivo de aperfeiçoamento. “Tal vigilância permitirá detectar rapidamente uma eventual “importação” de casos de outros países. Não tivemos, em 2004, nenhum surto de febre amarela silvestre porque os casos iniciais foram detectados precocemente, possibilitando a adoção oportuna das medidas de bloqueio. Por essas e outras indicações, acreditamos que o Brasil está hoje muito melhor preparado para manter erradicadas, ou sob controle, tantas doenças que já foram responsáveis por milhares de casos e mortes, em passado muito recente”. Emergentes Doenças emergentes é uma outra área em que o Brasil mudou radicalmente, de acordo com o titular da SVS. Em 1997, de acordo com Jarbas Barbosa, diante de um surto de nefrite de origem desconhecida, que atingiu parte da população da cidade de Nova Serrana, em Minas Gerais, foi necessária vinda de dois técnicos americanos, do CDC (Center of Disease Control and Prevention – EUA), para esclarecer o que estava ocorrendo. “Não havia capacidade nacional para investigar doenças de origem desconhecida, deixando o país vulnerável e a população intranqüila quando ocorria uma situação dessas. Hoje, através do Programa de Treinamento em Epidemiologia de Campo Aplicada aos Serviços do SUS (Episus), qualificamos um quadro de epidemiologistas de alta capacidade para elucidar e organizar a resposta a surtos de doenças de origem desconhecida. Obtivemos três das mais importantes premiações internacionais nessa área, nos últimos quatro anos. Mais de 50 investigações de surtos foram concluídas por essas ‘tropas de elite’ da SVS em todo o Brasil. Esse é um campo que cresce em importância no mundo inteiro, porque novas doenças estão surgindo em decorrência de mudanças ambientais, desmatamento, novos hábitos, maior contato com ambientes silvestres etc. E no mundo de hoje, milhões de pessoas viajam entre continentes e países, sendo improvável a eficácia de barreiras só nos aeroportos, uma vez que é possível circular o mundo inteiro dentro do período de incubação da doença, sem ainda apresentar nenhum sintoma. O que nós temos que ter é a capacidade de detectar rapidamente e, assim, conter a doença, evitando sua propagação. Esse é o objetivo da vigilância em saúde moderna e eu diria que, nesse ponto em particular, o Brasil é reconhecido por organismos internacionais como uma nação que se situa na “primeira divisão” mundial, utilizando uma imagem do futebol, porque investiu para aumentar a capacidade de investigação de campo e de nossos laboratórios, garantindo muito mais segurança à população do que tínhamos no passado,” comenta Barbosa. Metas “Temos que trabalhar para manter e aperfeiçoar nossas conquistas. Garantir a continuidade dos programas que estão sendo vitoriosos. O programa de imunizações, o de dengue, o de DST/Aids, concluir a certificação da interrupção da transmissão vetorial da doença de Chagas. Nesse ponto, já certificamos, internacionalmente, dez estados brasileiros, faltando apenas Paraná, Rio Grande do Sul e Bahia. Para os dois primeiros, queremos obter o certificado ainda em 2005, pois o trabalho já foi concluído. Na Bahia, nós lançamos em 2004 um trabalho em parceria com o Governo Estadual, com recursos da ordem de R$ 3,6 milhões e com a participação dos prefeitos, para deter a transmissão da doença de Chagas pelo barbeiro. Precisamos também ampliar o controle de algumas doenças, como, por exemplo, a raiva transmitida por animais domésticos. Tivemos em 2004 o menor número de casos já registrados de raiva humana. Raiva transmitida por cachorros e gatos só tivemos, esse ano, cinco casos, o que é um ótimo patamar. No final dos anos 90, eram 27 casos por ano. Foi uma redução muito importante. Tétano neonatal é uma doença em que já cumprimos o compromisso internacional na média do Brasil, mas queremos ir além. Queremos, em 2005, vacinar todas as mulheres em idade fértil das regiões Norte e Nordeste, para que não tenhamos mais nenhum caso de tétano neonatal no país”, garantiu o titular da SVS. Desafios “Temos que responder a essa nossa agenda inconclusa, continuar a recuperar o atraso dos programas de tuberculose e hanseníase, mantendo-os com alta importância na agenda. E aperfeiçoar ainda mais a nossa capacidade de responder a novos desafios como as doenças emergentes. Para isso, reservamos recursos de um acordo-empréstimo com o Banco Mundial e vamos começar a construção de um novo laboratório nacional de saúde pública, que vai ser sediado em Brasília e que será voltado exclusivamente para a vigilância, coordenando essa rede importante de laboratórios que há no Brasil. Será um laboratório para fornecer respostas rápidas. Se tem uma doença desconhecida aparecendo hoje, em menos de 24 horas tem de estar lá o nosso epidemiologista de campo, junto com a equipe de laboratório, para fazer os exames e responder rapidamente, sem perda de tempo. Para complementar o trabalho que vem sendo feito, a construção desse laboratório vai colocar o Brasil no mesmo nível de Estados Unidos e Canadá, que estão entre as melhores vigilâncias epidemiológicas do mundo”, concluiu o secretário. Fonte: Agência Saúde
Titular da SVS diz que Brasil está na primeira divisão mundial nas áreas de vigilância, prevenção e controle de doenças
06/01/2005 | 02:00