As Estimativas da Incidência e Mortalidade por Câncer no Brasil em 2003, elaboradas pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), indicam que este ano deverão ser registrados no Brasil 402.190 casos novos e 126.960 mortes pela doença. São esperados 186.155 casos novos e 68.350 mortes no sexo masculino e 216.035 casos novos e 58.610 mortes no sexo feminino. Acredita-se que a maior mortalidade em homens pode ser atribuída a ocorrência de tipos mais letais da doença, como também a demora em buscar ajuda uma vez os homens só a procuram quando o tumor já está em fase avançada. Em contrapartida, as mulheres cuidam mais da saúde, têm mais disciplina em relação aos exames periódicos e enfrentam melhor a doença. As informações fazem parte da publicação anual elaborada pelo Instituto, com base nos dados de mortalidade e nos dados de incidência coletados nos Registros de Câncer de Base Populacional – RCBP, localizados principalmente nas capitais, que este ano passaram de 8 para 16 RCBP com informações disponíveis, aumentando a precisão das informações que serão utilizadas por gestores da área de saúde para planejar ações de controle. Pelos dados mais atualizados de mortalidade disponíveis, relativos ao ano 2000, o câncer aparece como a segunda causa de morte no país – atrás apenas das doenças cardiovasculares. As causas externas, que até 1999 ocupavam o segundo lugar, passaram para o terceiro. Mas esta inversão está longe de significar uma epidemia de câncer. Ela é resultado de uma tendência que também ocorre em outros países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Por ser uma doença característica de populações mais idosas, o câncer passa a vitimar mais pessoas à medida em que aumenta a longevidade. No Brasil, a expectativa de vida era de 55 anos em 1960 e será de 72 anos em 2010. Em países como Estados Unidos, por exemplo, o câncer também é a segunda causa de morte. Muitos fatores contribuem para o crescimento do câncer, entre eles o envelhecimento da população, decorrente das ações de saúde e da evolução da medicina, que evita mortes prematuras por doenças evitáveis. O desenvolvimento sócio-econômico, no entanto, modifica hábitos: não existe sociedade sem câncer, mas os tipos de câncer mudam de acordo com o estágio do país e muitos deles podem ser evitados pela conscientização, sobretudo os causados pelo tabagismo. Nosso grande desafio é combater o câncer que pode ser prevenido ou diagnosticado precocemente – aponta Jamil Haddad, Diretor-Geral do Instituto Nacional de Câncer. Dos principais tipos de câncer que deverão causar mais vítimas em 2003, 30% têm o tabagismo como causa principal ou importante fator de risco (tais como pulmão, mama, colo do útero, cavidade oral, esôfago). O câncer de pulmão deverá ser mais uma vez o principal causador de mortes: 16.230 – 12,78% do total, sendo a principal causa em homens e a segunda em mulheres. Nas mulheres a curva ainda está em tendência de crescimento, embora as taxas de mortalidade sejam muito menores do que na população masculina. A posição do câncer de pulmão como segunda causa de morte por câncer em mulheres (4.915 óbitos previstos) reflete o aumento de consumo de cigarros pela população feminina, especialmente a partir da década de 60, quando adotaram hábitos anteriormente tidos como masculinos. E a primeira causa de morte em mulheres, o câncer de mama, tem o cigarro como fator de risco, além da obesidade, do consumo regular de álcool, da gravidez tardia (após os 30 anos), e da menopausa tardia (após os 50). O mesmo fator está associado ao câncer do colo do útero, o quarto colocado nas estimativas de mortes. FONTE: INCA
Tabagismo é Fator de Risco para os Principais Tipos de Câncer
15/04/2003 | 03:00