A Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) apoia a mobilização nacional pela valorização do médico e melhor remuneração, promovida pela Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Associação Médica Brasileira (AMB) e Conselho Federal de Medicina (CFM), que reivindica melhores condições de trabalho, mais financiamento para o setor da Saúde e assistência de qualidade à população.
A Socesp, durante a trigésima segunda edição de seu Congresso, com coordenação do Dr. Carlos Magalhães, promoveu reunião com os presidentes regionais para que façam contato com os cardiologistas de todo Estado de São Paulo e ouçam sugestões do que a Sociedade deve fazer para participar mais ativamente deste movimento, fazendo uso de sua posição de entidade representativa dos cardiologistas.
Os 160 mil médicos brasileiros, que atuam na saúde suplementar, estão lutando contra os reajustes irrisórios dos honorários, muito abaixo da inflação nos últimos dez anos. Também denunciam a interferência dos planos de saúde na autonomia do médico e exigem das operadoras e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a regularização dos contratos, que não têm cláusulas de periodicidade e critérios de reajustes, contrariando a regulamentação existente.
A pauta do movimento estadual consiste em recomposição do valor da consulta para R$ 80 e procedimentos atualizados proporcionalmente de acordo com a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), além de regularização dos contratos entre médicos e operadoras com a inserção de cláusula de reajuste anual baseado no índice autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para os planos individuais.
Outro pleito essencial para o movimento é o fim das pressões das empresas para que reduzam solicitações de exames, de internações e de outros procedimentos, interferências inaceitáveis que colocam em risco a saúde dos cidadãos.
As entidades já procuraram 15 empresas da saúde suplementar reivindicando reajuste dos honorários médicos e o fim das interferências sobre a autonomia profissional, agora, a Associação Paulista de Medicina (APM), o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), o Sindicato dos Médicos de São Paulo e Academia de Medicina de São Paulo, Regionais e Sociedades de Especialidade conclamam os profissionais a participar de Grande Assembleia Estadual, no dia 30 de junho de 2011, quinta-feira, às 20 horas, no auditório da Associação Paulista dos Cirurgiões Dentistas.
A participação maciça dos médicos que atuam junto aos planos de saúde é imprescindível para conhecer as propostas enviadas por algumas das empresas e definir novas ações em relação àquelas que se recusaram a negociar. Outra possibilidade é que durante a assembleia possa ser discutida a recomendação de paralisação de atendimento destas empresas por tempo indeterminado.
Exemplo de luta – Um dos exemplos de luta pela melhor remuneração foi dado pelos cirurgiões cardíacos do Estado de São Paulo que, em novembro de 2010, constituíram uma cooperativa para reivindicar o aumento dos honorários cirúrgicos. “Os honorários, pagos por convênios, seguros saúde e autogestões, estão 20 anos defasados e, com base na experiência de sucesso de outros estados, os cirurgiões de São Paulo resolveram formar a sua cooperativa”, explica o médico Mauricio Galantier.
Ao mesmo tempo em que a cooperativa luta para trazer os cerca de 300 cirurgiões cardíacos do estado para a entidade, está se unindo ao movimento nacional de luta e está negociando com cada uma das fontes pagadoras.
“Queremos que a CBHPM e seus reajustes sejam aceitos, mas se não houver acordo, podemos chegar a parar de atender pacientes eletivos, é claro, as emergências continuarão a ser atendidas e atenderemos os pacientes que conseguirem liminares que, neste caso, o pagamento segue a CBHPM”, finaliza o médico.
Deputado Eleuses Paiva – O movimento conta com o apoio do deputado federal e médico Eleuses Paiva, ex-presidente da AMB e atual vice-presidente da Frente Parlamentar Mista da Saúde no Congresso, que solicitou audiência pública com todos os representantes do setor da Saúde Suplementar para avaliar a situação. “Uma vez que foi deflagrado um movimento nacional, o Congresso passa a ter preocupação com o desequilíbrio econômico e com a quebra de autonomia que tem recaído sobre os médicos”.
As entidades médicas esperam que a ANS tenha ações mais incisivas no que tange a revisão dos contratos e a instituição de regras que regulamentem a relação entre médicos e operadoras. “Queremos a valorização dos médicos e a valorização da atenção à saúde”.
Fonte: Socesp