Dirigentes do Sindsaúde querem saber se há relação entre os óbitos registrados no setor de Emergência com as dificuldades estruturais que o HR está enfrentando Dirigentes do Sindicato dos Servidores Estaduais de Saúde (Sindsaúde) denunciaram ontem, durante a assembléia que decidiu pela greve, a precariedade do funcionamento das emergências dos hospitais da Restauração e Otávio de Freitas, sobrecarregados com o fechamento temporário da Emergência do Getúlio Vargas. Segundo eles, no HR há pacientes até no chão. O Sindsaúde pretende levantar as mortes que estão sendo registradas no serviço e verificar se alguma tem relação com as dificuldades estruturais que a unidade enfrenta. Na última segunda-feira, após o plantão do fim de semana, a Emergência do HR amanheceu com 220 doentes internados. Em 60 horas de serviço, o número de cirurgias de urgência tinha chegado à quase metade da média semanal. O número de internações diminuiu, mas o espaço permanece lotado. Segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde, 170 pessoas permaneciam internadas ontem na Emergência do HR, 80 a mais que a capacidade. Das 19h de terça-feira às 7h de ontem, 112 pessoas foram atendidas. Parentes de pacientes mantêm as críticas quanto à demora para receber informações sobre o estado de saúde dos hospitalizados.” Meu filho deu entrada na noite de terça-feira e só sei até agora (meio dia de ontem) que ele passou por cirurgia na madrugada”, contou desesperada a dona de casa Cristina Maria da Anunciação. No Otávio de Freitas, para onde os serviços de socorro móvel (Bombeiros e SAMU) estão sendo orientados a levar pacientes, funcionários denunciam alimentação insuficiente para as equipes profissionais e outros problemas. “Na noite de terça-feira o raio X não estava funcionando. Há pacientes em cadeiras e bancos, quando deveriam estar em camas”, contou a auxiliar de enfermagem, Socorro Silva, dirigente do Sindsaúde. No HOF, conforme a Secretaria Estadual de Saúde, 123 pessoas deram entrada na Emergência das 19h de terça-feira às 7h de ontem. Havia 66 pessoas internadas. A reabertura da Emergência do Getúlio Vargas, de forma provisória, está prevista para amanhã. Mas vários serviços ainda precisam ser concluídos. A unidade foi interditada por causa de rachaduras no bloco G do prédio. Também foram suspensos o atendimento ambulatorial e fechado o bloco cirúrgico. Equipes de médicos e enfermeiros do HGV estão reforçando as outras emergências do Estado. Servidores decretam greve Servidores estaduais de saúde decidiram ontem, em assembléia, entrar em greve a partir de quarta-feira. A paralisação vai atingir serviços administrados pelo Estado e os mantidos por municípios que têm funcionários estaduais. A intenção é manter apenas 30% dos serviços em áreas essenciais: emergências, unidades de terapia intensiva e enfermarias. Os ambulatórios serão fechados. Embora a greve esteja programada para a próxima semana, os efeitos do movimento já poderão ser sentidos a partir de hoje. Conforme Perpétua Rodrigues, coordenadora do Sindicato dos Servidores da Saúde (Sindsaúde), os trabalhadores vão atuar em ritmo “tartaruga”. O movimento, em favor de melhores salários, conta com a adesão de sindicatos e conselhos profissionais de diferentes áreas: enfermagem, farmácia, psicologia, serviço social e outros. Tem o apoio também do Sindsprev, que representa servidores federais da saúde e previdência. Hospitais como Restauração, Otávio de Freitas, Agamenon Magalhães e os regionais do interior serão atingidos pela paralisação. A greve foi decidida numa assembléia que reuniu mais de 500 profissionais, no auditório do Hospital da Restauração. Eles tomaram a decisão porque o Estado não apresentou contraproposta à pauta apresentada no dia 27 de outubro. A Secretaria de Administração do Estado já adiantou que será impossível o reajuste pretendido pela classe, pois implicaria numa despesa mensal de R$ 14 milhões. Mas se comprometeu a apresentar uma proposta amanhã, às 15h. A suspensão da greve dependerá dessa resposta. Após o encerramento, os trabalhadores fizeram um ato na Avenida Agamenon Magalhães, nas proximidades do HR, parando o trânsito por pouco mais de dez minutos. Na ocasião, entregaram uma carta ao público, denunciando os problemas que enfrentam na rede estadual e o descaso que o governo estaria tendo com a classe, sem reajuste do salário-base há nove anos. Motoristas e motoqueiros mais exaltados tentaram furar o bloqueio e alguns até conseguiram. Mas os servidores continuaram o ato, de mãos dadas, numa grande roda. Esses servidores querem reajustes semelhantes aos conquistados mês passado por médicos e cirurgiões bucomaxilofaciais, que ameaçaram pedir demissão. Os de nível superior (enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e outros) reivindicam que o salário-base seja reajustado de R$ 488 para R$ 1.259. Hoje, conforme Perpétua Rodrigues, somando todas as gratificações, a remuneração de um profissional universitário (exceto médicos e dentistas) varia de R$ 600 a R$ 1 mil. Os de nível médio, que somam 12.800 dos 20.300 trabalhadores da saúde do Estado, têm salário-base de R$ 181 e querem chegar a R$ 600. Em média, conforme o Sindsaúde, a remuneração desse pessoal fica em torno de R$ 300, muito próxima a dos funcionários de nível elementar, cujo salário-base fica em R$ 157. Da Assessoria de Imprensa do Cremepe. Com Informações do Jornal do Commercio.
Sindicalistas vão investigar mortes no HR
11/11/2004 | 02:00