Um paciente chega à emergência de um hospital público e é diagnosticado que ele necessita de uma cirurgia de amputação, devido a uma doença de origem vascular. No hospital, existem tanto um plantonista de cirurgia geral, quanto um especialista em cirurgia vascular de sobreaviso. A quem cabe a responsabilidade da operação? Esse questionamento foi motivo de um parecer solicitado ao Cremeb por profissionais do Hospital Roberto Santos, pois a situação estava se repetindo com freqüência. Após discussões e repasses de responsabilidade, normalmente cabia ao cirurgião geral de plantão fazer a cirurgia. Segundo o parecer expedido e aprovado, cujo relator foi o conselheiro Jayme Freire de Carvalho, se a causa para a cirurgia foi detectada de forma clara, e existe no hospital um médico especialista para o seu tratamento, a responsabilidade da cirurgia é do especialista. O cirurgião geral deve ficar encarregado dos casos de emergência em que não haja no hospital um especialista. Para o conselheiro, esse tipo de problema acontece porque existem vários serviços nos hospitais públicos, o que acaba gerando um repasse da responsabilidade entre as unidades. A solução para o conflito estaria na criação de hospitais ou unidades de referência especializados em determinada área médica, com a coordenação de médicos especializados, e até mesmo com residência. Assim fica claro de quem é a responsabilidade por cada caso específico, e o atendimento à população é feito de forma mais rápida e satisfatória. “Dessa forma, o Estado tem a quem cobrar, a diretoria do hospital tem como atuar sobre os profissionais e os profissionais têm também como solicitar melhorias”, afirma Jayme Freire. Ele cita como exemplo as unidades de referência em atendimento a queimados do Hospital Geral do Estado, entre outras, nos demais hospitais do Estado. As unidades de referência trazem organização ao serviço público de saúde, resultando em melhoria no atendimento à população e no exercício da medicina. “Em todos os lugares em que o Estado conseguiu montar uma unidade de referência, o funcionamento é muito bom”, conclui o conselheiro.
Serviços de referência: uma saída para a saúde pública
14/08/2003 | 03:00