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Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular apoia iniciativa e alerta: a ineficiência na assistência à criança cardiopata já é um problema de saúde pública

 

Criado pela Associação de Assistência à Criança Congênita Pequenos Corações, o Dia da Conscientização da Cardiopatia Congênita é uma iniciativa que visa chamar a atenção dos órgãos federais para a gravidade do problema de cardiopatia congênita que atinge uma em cada 100 crianças em todo o Brasil. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular – SBCCV, a ideia é bem-vinda já que a doença ainda não recebe a atenção necessária por parte do governo.
 
“Trata-se de uma doença pouco conhecida pela população, muito mais frequente do que se imagina e bastante complexa que pode ser tratada adequadamente, com bons resultados e evitaria muitas mortes durante o primeiro ano de vida”, afirma Luiz Fernando Caneo, um dos cirurgiões cardiovasculares responsáveis pelo Departamento de Cirurgia Cardiovascular Pediátrico da SBCCV (atual vice-presidente do departamento, futuro presidente eleito).
 
Com uma infraestrutura de atendimento muito aquém do recomendado em termos de hospitais e profissionais especializados – são apenas 20 centros com capacidade para realizar qualquer tipo de procedimento no território nacional –, o Brasil tem assistido passivamente às doenças cardiopatas congênitas se tornarem a terceira causa da mortalidade infantil no período neonatal. “O problema já é de saúde pública”, acrescenta o Dr. Caneo, pois trata-se de uma causa de morte evitável e poderia diminuir a taxa de mortalidade infantil, em especial nos estados onde já atingimos níveis equivalentes a dos países mais desenvolvidos.

Cardiopatia Congênita é qualquer anormalidade na estrutura ou função do coração que surge nas primeiras 8 semanas de gestação quando se forma o coração do bebê e ocorre por uma alteração no desenvolvimento embrionário da estrutura cardíaca. É o defeito congênito mais comum e uma das principais causas de óbitos relacionadas a malformações congênitas. Nascem no Brasil aproximadamente 23 mil crianças com problemas cardíacos por ano, ou seja, a cada 100 bebês nascidos vivos 1 é cardiopata.
                 
Desses 23 mil cardiopatas que nascem anualmente, pelo menos 80% necessitarão de uma cirurgia cardíaca, mas infelizmente cerca de 13 mil não recebem o tratamento, principalmente por falta de diagnóstico ou vagas na rede pública.
 
A SBCCV vem trabalhando muito junto ao governo, onde já fez sugestões no sentido de reorganizar a estruturação dos centros especializados e melhorar o acesso das crianças ao tratamento e ao diagnóstico precoce. “Estamos muito preocupados com a conscientização do problema pela população emgeral, médico e profissionais da saúde, com o acesso adequado dos que necessitam e com o desenvolvimento de centros preparados e sustentáveis para garantir resultados comparáveis aos dos grandes centros mundiais de referência. – acrescenta Dr. Canêo. A cardiologia e cirurgia cardíaca pediátrica devem ser comparadas aos sistemas complexos que conhecemos, onde o resultado depende de fatores técnicos, estruturais e organizacionais e da interação entre os mesmos”, diz ele – assim não estamos preocupados apenas com o acesso, mas também o resultado no tratamento dessas crianças.

No total dos centros, a grande maioria está localizada nas regiões Sul e Sudeste, sendo que poucos são exclusivamente pediátricos e o número de cirurgias especializadas é muito baixo, o que não permite que os centros mantenham um aperfeiçoamento constante. Conforme recomendam as principais instituições  internacionais da cirurgia cardiovascular pediátrica, é necessário que ocorram entre 150 e 200 casos anuais, por centro, para que haja uma evolução do atendimento e dos profissionais.

De acordo com a SBCCV cada estado deveria manter ao menos um centro especializado com no mínimo dois cirurgiões por centro, com volume mínimo de 200 casos/ano, de todos os tipos de complexidade e idade. E além disso, deveriam treinar centros menores para evitar que a população se locomova para os grandes centros em busca de tratamentos, criando uma rede efetiva e hierarquizada.

Falta de registros complica levantamento de números reaisNão é possível determinar o número exato de mortes por cardiopatia congênita, pois muitas vezes, em especial no período neonatal, o diagnóstico não é realizado e a causa do óbito fica registrada como de causa pulmonar ou infecciosa.  Estudos da SBCCV demonstram que o número de óbitos referentes às doenças cardiopatas é menor oficialmente do que, de fato, deve ocorrer na prática. A realidade em todo o País é que as crianças recém-nascidas deixam os hospitais “tecnicamente” bem e descompensam ao chegar em casa, alguns dias depois, vindo a falecer sem que os seus registros tragam a verdadeira causa.

De acordo com a SBCCV, um diagnóstico precoce e preventivo poderia orientar onde e quando a criança deveria nascer, tendo em vista a necessidade de suporte especializado logo após o parto, o que garantiria uma adequada assistência médica e evitaria muitas mortes, visto que uma grande parte das cardiopatias congênitas são tratáveis quando o acesso aos centros especializados e preparados ocorre de forma adequada.
 
Para cada 0.8 mil nascidos vivos, com cardiopatia congênita, no Brasil, 50% deveriam ser atendidos no primeiro ano de vida, muitos ainda no período neonatal (28 primeiros dias de vida), evitando pelo menos a metade das mortes que acontecem nessa fase.

 

Fonte: SBCCV

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