Venda fracionada de medicamentos começa em 45 dias e deve gerar economia de até 20% a consumidores Alessandra Goiaz Da editoria de Economia Dentro de 45 dias o consumidor vai encontrar as primeiras farmácias vendendo remédios fracionados. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que as farmácias devem se credenciar no próprio órgão local, para receber a autorização para a venda mediante um selo de identificação. Com esta medida, a estimativa é de que o consumidor possa economizar em até 20% na compra de remédios. A superintendente Estadual de Vigilância Sanitária e Ambiental, Maria Cecília Martins Brito, comenta que o posicionamento do órgão é de satisfação quanto à regulamentação do fracionamento, mas ao mesmo tempo há a preocupação com a segurança da venda, “se o produto é realmente verdadeiro ou não”, diz. Antes do credenciamento, as farmácias vão ser submetidas a uma rígida inspeção que vai verificar o cumprimento de algumas regras no documento da Anvisa apresentado para consulta pública. Uma das exigências de uma área específica é que o fracionamento só vai poder ser feito por um profissional farmacêutico inscrito no Conselho Federal de Farmácia. Maria Cecília participou, na última quarta-feira, em Brasília, de uma audiência pública. Cerca de 100 representantes de entidades civis, indústria, profissionais de vigilância sanitária e sociedade em geral opinaram sobre a proposta de fracionamento de medicamentos. A regulamentação do fracionamento cumpre o Decreto 5.348/05, assinado em janeiro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os pontos mais debatidos foram as diferenças técnicas entre farmácias e drogarias – pela proposta de resolução, apenas estabelecimentos farmacêuticos podem fracionar, de acordo com a Lei 5.991/73 –, o fornecimento de bulas, a forma de fracionar para evitar fraudes, a atuação das vigilâncias estaduais e municipais na fiscalização e a automedicação, entre outros. As propostas surgidas na audiência serão analisadas e podem compor o texto da resolução que vai regular a venda fracionada de medicamentos. A superintendente afirma que o resultado do debate foi positivo e que as estimativas é de que o consumidor vai economizar até 20% com a venda fracionada. Ela explica que as farmácias não são obrigadas a comercializar os medicamentos, participa quem está interessado. Cuidado com a fraude A grande preocupação das entidades ligadas diretamente à área da saúde é com a segurança dos medicamentos vendidos. De acordo com o presidente do Conselho Regional de Medicina, Ilian Cardoso dos Santos, esta é uma boa alternativa para reduzir os custos dos pacientes, mas, por outro lado, existe a apreensão quanto à forma de comercialização do produto. Segundo ele, esta pode ser uma fonte de fraude. “Gostaria que tudo fosse estudado e avaliado com muita apreensão para que ninguém saia prejudicado”, diz. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de Goiás (Sincofago), Carlos Pereira, alerta que, com a necessidade de novas adequações, as farmácias vão repassar o investimento gasto para o consumidor. Ele fala também que 45 dias é muito para que o comércio se adeque às exigências da Anvisa. Do outro lado estão os consumidores que podem se livrar das caixas de comprimidos que sempre sobram. A técnica em enfermagem Mara Angélica Stoko, 38, conta que este é um grande problema na hora da compra de remédios. “Já perdi a conta de quantas vezes tive problemas com algum medicamento e tive que parar de tomá-lo. Ele sempre ficava jogado de lado, pois vencia.” Porém, muito cautelosa, ela fala que, antes de avaliar se realmente vai ser bom para o consumidor, é preciso que este faça cálculos de análise do custo e benefício. “Mas se realmente vai haver a redução dos preços, é ótima idéia”, comenta. Mara Angélica gasta por mês R$ 400 somente com remédios. Isto porque passou a optar pelos manipulados. Caso contrário, seria o dobro. Ela explica que, sempre que pode, pega a composição dos medicamentos e leva para as farmácias de manipulação. “Eu posso fazer a quantidade que preciso e o preço fica mais baixo que os não manipulados”, finaliza. Saiba mais Farmácia x Drogaria Farmácia Estabelecimento de manipulação de fórmulas magistrais e oficinais, de comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, compreendendo o de dispensação de medicamentos. Drogaria Estabelecimento de dispensação e comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos em suas embalagens originais.(Diário da Manhã, 15/04/05)
Saúde Em doses homeopáticas
15/04/2005 | 03:00