A ampliação do acesso à atenção básica trazida pelo Programa Saúde da Família (PSF) resultou em melhoria na qualidade de vida da população. Pesquisa encomendada pelo Ministério da Saúde em 2004 analisou o comportamento de nove indicadores de saúde (incluindo mortalidade e internações) e verificou que a maioria deles melhorou nos 5.560 municípios cobertos pelo PSF à época do levantamento. Os números são ainda melhores em municípios cuja cobertura do programa é superior a 70%, onde, por exemplo, o índice de óbitos de menores de um ano de idade por causas não identificadas caiu dos 22,3% de 1998 para 10,9% em 2003. A proporção de recém-nascidos com mães sem nenhuma consulta de pré-natal também caiu em todos os grupos de municípios, principalmente naqueles com alta cobertura do programa. A queda foi de 8,54%, em 1998, para 2,95%, em 2003. O número de internações por Acidente Vascular Cerebral (AVC) na população de 40 anos ou mais é um indicador que reflete a evolução das ações de atenção básica no controle das doenças hipertensivas. Com a pesquisa, foi possível perceber que, no período de seis anos de análise, as taxas de internação no grupo de municípios com maior cobertura do PSF caíram de 52,30 por grupo de 10.000 habitantes para 37,7 por grupo de 10.000. Para a realização da pesquisa foram formados quatro grupos de municípios, incluindo os que não contavam com atuação das equipes de saúde da família, até aqueles que apresentavam cobertura de 70% ou mais. A divisão em grupos permitiu analisar os dados disponíveis nos sistemas de informações oficiais do Ministério da Saúde, no DATASUS, segundo a cobertura populacional do programa. A publicação de mais de 166 páginas traz nove indicadores de saúde que refletem a situação da atenção básica no Brasil. São quatro indicadores sobre saúde da criança, dois sobre saúde da mulher e outros dois de internações causadas pelas doenças crônicas degenerativas mais comuns (Acidente Vascular Cerebral e Insuficiência Cardíaca). O estudo traz ainda uma análise detalhada da proporção da população coberta pelo Programa Saúde da Família para o Brasil e suas regiões. E comprova: as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sul apresentam proporções mais elevadas de cobertura do PSF do que as regiões Norte e Sudeste. Observou-se ainda uma expansão da cobertura do PSF nos municípios pequenos (com menos de 20 mil habitantes) muito superior à identificada nos municípios com mais de 80 mil habitantes. Em 1998, apenas 9,4% dos brasileiros que viviam nos pequenos municípios eram cobertos pelo programa. Em 2004, esse número foi superior a 65%. A pesquisa contribui para o monitoramento e a avaliação das ações desenvolvidas na atenção básica que tem a estratégia Saúde da Família como eixo central. Aponta ainda a contribuição dessa estratégia para a redução das desigualdades no acesso à atenção básica no país. Com o estudo foi possível evidenciar que os indicadores analisados melhoraram, em sua maioria, no grupo de municípios com condição socioeconômica mais precária e contribuíram para a redução das desigualdades em saúde no Brasil. Para o diretor do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, Luís Fernando Rolim, a análise é um instrumento importante para redefinir as ações desenvolvidas pela estratégia Saúde da Família. “A pesquisa reforça as ações que vem sendo desenvolvidas na atenção básica e demonstra que a estratégia tem atingido a população mais carente, de forma a garantir equidade do Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirma. Hoje 4.984 municípios possuem equipes de Saúde da Família. Entre dezembro de 2002 e dezembro de 2005, o número de equipes aumentou de 16.698 para 24.562. Com isso, a cobertura populacional também foi ampliada, passando de 54.932.000 para 78.611.631, o equivalente a 44% da população. Em relação à saúde bucal, também houve avanço. Eram 4.261 equipes em 2002 e hoje são 12.602. A população coberta pelas equipes de saúde bucal chega a 61.819.283, o equivalente a 34,9% da população. Fonte: Agência Saúde
Saúde da Família reduz mortalidade e internações
14/03/2006 | 03:00