Com apoio da AMB e das Sociedades de Especialidades, o Conselho Federal de Medicina está elaborando um programa de atenção à saúde e qualidade de vida do médico, com ênfase para a prevenção e reabilitação. O modelo ainda está em análise, depois das duas primeiras reuniões, realizadas em Porto Alegre e Rio de Janeiro, na primeira quinzena de julho. O próximo encontro está marcada para 26 de agosto, na sede do CFM, em Brasília, e com o reforço de outras entidades poderá definir as estratégias para implantação do programa voltado à valorização da qualidade de vida do médico. Além dos problemas decorrentes da dependência química, a iniciativa terá como foco as questões habituais de saúde, como prevenção e acompanhamento de doenças cardiológicas, hipertensão e diabetes. “O objetivo principal do programa é fazer com que o médico, que diariamente se preocupa com a saúde dos pacientes, passe a estar atento à sua própria saúde, com prevenção e orientação”, assinala Rubens dos Santos Silva, um dos diretores do CFM empenhados no trabalho. O Prof. Antonio Nery Filho, psiquiatra que representa o CRM-BA, reconhece que “o colega médico é o paciente mais trabalhoso”, pois reluta em procurar tratamento. Experiências implementadas em alguns Estados, como as dos Conselhos de Medicina de São Paulo e do Paraná, terão influência na consolidação do modelo voltado à reabilitação dos profissionais. O CRM-PR, por exemplo, dispõe de Câmara Técnica em Psiquiatria que, além de opinar sobre assuntos éticos, emite pareceres diversos sobre a especialidade. Tem função também de orientar colegas médicos com algum tipo de dependência. O Conselho do Paraná também acaba de firmar convênio com a Sociedade Paranaense de Psiquiatria para oferecer serviços e atendimento aos médicos com algum tipo de dependência, além de suporte e orientação aos familiares. Como resultado de um trabalho que vem sendo intensificado desde meados de 2001, o CRM ainda constituiu, este ano, a Câmara Técnica de Controle de Psicotrópicos, voltado a normatizar o acesso e uso de medicamentos de modo geral – especialmente os opióides – nos hospitais, clínicas e demais estabelecimentos de saúde. A proposta, de conotações preventiva e educativa, ainda propõe respaldo de tratamento e reabilitação ao médico dependente químico, cada vez mais presente nos índices estatísticos e que traçam um quadro sombrio e preocupante. A Câmara é interdisciplinar e, além de conselheiros do CRM, conta com a participação efetiva do Conselho Regional de Farmácia e da Vigilância Sanitária, com apoio das Secretaria Estadual e, em sua etapa inicial, da Secretaria Municipal de Saúde e das instituições hospitalares da Curitiba. Outra Câmara Técnica criada está associada à prevenção do tabaco.
Programa visa atenção à saúde e qualidade de vida do médico
23/07/2003 | 03:00