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O Programa de Atenção à Saúde e Qualidade de Vida do Médico, voltado para o atendimento dos problemas relacionados à saúde mental e ao uso de drogas, está chegando ao Paraná. O secretário-geral do CFM e coordenador do programa, Rubens dos Santos Silva, fará a apresentação no Conselho Regional de Medicina do Paraná em 21 de setembro, durante a reunião plenária que reúne os conselheiros em Curitiba. No lançamento oficial da ação, em junho, durante o Congresso Paulista de Psiquiatria, foi realizado o primeiro curso de capacitação para os psiquiatras que farão a assistência dos médicos enfermos no Brasil. A parte prática deve ocorrer no começo de 2005, complementando ações que vinham sendo desenvolvidas pela Câmara Técnica de Psiquiatria do CRM-PR. Confira abaixo material veiculado em 12 de setembro pelo jornal O Estado de S. Paulo. De médico a paciente. Com a ajuda dos colegas Profissionais dependentes e com distúrbios ganham um programa nacional de recuperação Acostumada a tratar de problemas alheios, a classe médica resolveu fazer a lição de casa. No início do ano que vem, o Conselho Federal de Medicina (CFM) vai colocar em prática um plano de ação especial para cuidar de médicos usuários de álcool e drogas e com distúrbios psiquiátricos. Batizado de Programa de Atenção à Saúde e Qualidade de Vida do Médico, ele contará com psiquiatras que dedicarão parte do tempo só para atender colegas com problemas. “Começaremos pelas capitais da região Sudeste, mas a idéia é estendermos o serviço para todas as capitais do País”, conta Rubens dos Santos, secretário-geral do CFM e coordenador do programa nacional. “A meta do CFM é estar mais perto do médico que precisa de ajuda”, reforça o conselheiro, que estará em Curitiba em 21 de setembro para exibir aspectos do projeto. A apresentação vai ocorrer às 20h, fazendo parte das atividades da reunião plenária. O secretário antecipa que trabalho não será voluntário, mas os profissionais receberão a orientação de dar descontos ou até atender gratuitamente quando o colega não puder pagar o tratamento. O projeto foi inspirado em um trabalho paulista que faz sucesso entre a classe médica desde 2002. É a Rede Estadual de Apoio a Médicos Dependentes Químicos, criada pela Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad), do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em conjunto com o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp). Desde que começou, em maio de 2002, o programa local já atendeu 156 médicos usuários de substâncias químicas ou com problemas psiquiátricos. Desses, 80% usavam drogas ou álcool e os demais tinham transtornos psíquicos. O campeão do primeiro grupo é o álcool. Em segundo, empataram os tranqüilizantes e as substâncias à base de ópio, como a morfina (ver quadro ao lado). Entre os problemas psiquiátricos mais comuns estão a depressão, os transtornos de personalidade (dificuldades de relacionamento) e o bipolar (instabilidade afetiva, alternância entre euforia e depressão). Os médicos J.A.R e W.R, que não quiseram se identificar, deram seus depoimentos sobre como se tornaram dependentes. Nenhum caso até hoje foi levado ao Cremesp, mesmo com o fato de o projeto ter apoio financeiro da instituição. ´Pensamos na possibilidade uma só vez , diz Hamer Alves, um dos coordenadores da Rede Estadual. O caso foi o de um médico e dono de hospital em São Paulo. Viciado em dolantina (da família da morfina), ele tentou o suicídio uma vez. “Cogitamos bloquear a licença médica dele para que parasse de se auto-receitar”, lembra Hamer. “Mas, antes, alertamos a família sobre a possibilidade e deu certo. Ele acabou seguindo bem o tratamento.” Sucesso – De acordo com o grupo do Uniad, 1 em cada 15 médicos tem problemas com álcool ou drogas. No entanto, eles respondem muito bem aos tratamentos: 70% a 80% dos profissionais têm sucesso. O índice é três vezes maior em relação à média da população. Uma das explicações é o fato de terem consciência dos riscos das substâncias no organismo. De forma contraditória, no entanto, essa lucidez é capaz de fazer com que eles corram mais riscos do que qualquer outro profissional. “O médico que usa substâncias químicas pensa que tem o controle delas e, com isso, acha que pode abusar”, conta Hamer. Ao contrário do que se imagina, não é a facilidade de acesso a determinadas drogas que incentiva a dependência. “O estresse é um dos motivos mais citados como justificativa para o uso”, conta Hamer. Em 2002, o CFM divulgou a mais completa pesquisa já feita no País com o perfil do médico brasileiro. Entre os dados que mais impressionam estão o fato de 54,5% trabalharem de 12 a 24 horas seguidas por semana em regime de plantão e de que 54,2% têm de dois a três empregos. Assim como vai ocorrer no programa nacional a partir de 2005, o estadual conta com um serviço de atendimento 24 horas. “Depois de um contato telefônico (pelos números 5575-1708 e 5576- 4341), o paciente é encaminhado a um dos 25 psiquiatras e especialistas em dependência espalhados pelo Estado”, explica Ronaldo Laranjeira, coordenador do projeto e também consultor do programa do CFM. Durante o XXII Congresso Brasileiro de Psiquiatria, realizado em Salvador (BA) nos dias 13 a 16 de outubro, será feito um Simpósio do Departamento de Dependência Química da ABP/CFM – Programa de Atenção à saúde do Médico, cujo tema será: “A Saúde Mental do Médico – Alternativas de Abordagem” no dia 14/10 das 8h às 19h. Durante o simpósio/fórum, algumas conferências e mesas redondas serão realizadas abordando diversos assuntos, tais como: “Tratando bem os médicos: A Experiência do Programa de Saúde do Médico de Ontario, Canadá”, “O Programa Integrado para Médicos Doentes em Barcelona”, Programas de Saúde do Médico no Brasil”, “A atenção a populações específicas – especificidades no manejo” e “Maconha: possíveis aplicações e riscos”. Outras informações sobre o congresso e sua programação podem ser obtidas no site (www.abpbrasil.org.br) ou pelo e-mail (abp@abpbrasil.org.br).

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