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O tema tratado por Jaume Roige durante a tarde do segundo dia do ENCM despertou a atenção de todos os presentes: o programa espanhol de atenção à saúde do médico enfermo, PAIME. Desde julho de 2003, o CFM instalou uma comissão para elaborar um programa semelhante ao espanhol voltado aos médicos brasileiros. De acordo com o secretário-geral do CFM e coordenador das atividades preliminares do Programa, Rubens dos Santos Silva, “o objetivo principal desta ação é fazer com que o médico, que diariamente se preocupa com a saúde de seus pacientes, passe a estar atento à sua própria saúde, com prevenção e orientação. Consideramos muito importante conhecer a experiência espanhola neste sentido, pois estamos em fase de elaboração do programa brasileiro”. Segundo Jaume Roige, “um médico enfermo é um profissional que pode ter sua prática afetada devido a problemas psíquicos e/ou uso de drogas”. A Espanha encara este problema como um dos efeitos indesejáveis da prática médica que deve ser tratado e prevenido. Fatores que levam o médico a adoecer “Por mais paradoxal que possa parecer, a saúde dos profissionais da área sanitária, em especial a dos médicos, não está devidamente atendida” afirmou Roige. De acordo com o tesoureiro do Colégio Médico de Barcelona, muitos são os fatores que favorecem o aparecimento de enfermidades entre os médicos: o período de formação muito estressante; a automedicação; a facilidade de acesso a remédios; “o não saber ser paciente”; a freqüência elevada de aspectos vulneráveis da personalidade e a própria falta de políticas e programas adequados para tratamento do médico. De acordo com os estudos do Colégio Médico de Barcelona, os médicos estão mais propensos a: – abusar de sedativos, tranqüilizantes, analgésicos e estimulantes; – desenvolver a síndrome do stress e do esgotamento emocional; – suicidar-se, apresentando uma taxa 3 vezes e meia mais alta que a população em geral. O PAIME foi criado na Espanha em 1998, mediante a assinatura de um convênio entre o Departamento de Sanidade da Generalidade da Catalunha e o Colégio Oficial de Médicos de Barcelona. Em quase 5 anos de funcionamento, já foram atendidos 444 casos. Estes atendimentos foram motivados em 60% dos casos por tratamentos psíquicos, 26% por envolvimento com álcool e 14% por envolvimento com outros tipos de drogas. Em geral, os pacientes são homens, com idade entre 36 a 55 anos. Fatores que dificultam o tratamento do médico Durante sua exposição, Roige enumerou também os fatores que dificultam o tratamento do médico enfermo: – a “conspiração do silêncio”, muitas vezes os médicos ocultam de seus colegas e familiares que estão doentes; – o medo de ser estigmatizado pela enfermidade; – o “ terror da sala de espera” que muitas vezes inibe o médico de procurar um colega especialista por julgar que vai ser reconhecido e apontado como doente; – o medo de não voltar a exercer a profissão; – o temor de colocar sua credibilidade e reputação em risco; – a prepotência terapêutica do médico em se achar invulnerável e não se assumir como paciente; – a comodidade; – a falta de cobertura econômica para subsidiar os tratamentos. A falta de atenção e cuidado com sua própria saúde pode levar o médico a ser denunciado por más práticas, além de causar incapacidade permanente e inabilitação para o trabalho. De acordo com as informações prestadas por Roige, 64% dos médicos que estão no Programa o procuraram voluntariamente, 20% por indução de alguém, 8% o procuraram depois de terem recebido uma comunicação confidencial e 3% foram obrigados a participar do Programa, depois de denunciados oficialmente. Brasil e Espanha vão trabalhar juntos pela Saúde do Médico Na quinta-feira (09/10), o presidente do Conselho Federal de Medicina, Edson de Oliveira Andrade, e o tesoureiro do Colégio de Médicos de Barcelona, Jaume Roige, assinaram um protocolo de intenções com o objetivo de oficializar a cooperação espanhola na elaboração de um programa brasileiro de atenção à saúde do médico. O documento foi assinado após a detalhada exposição que Roige fez aos participantes do Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina sobre o modelo espanhol de assistência ao médico enfermo em seu País.

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