Não há quem não se intrigue com a notícia de pessoas que superam a barreira dos 100 anos de idade e ainda continuam em atividade intelectual ou com o caso de um sujeito magro que pratica esporte toda semana e, de repente, sofre um infarto. O que parece mais um mistério universal, no entanto, já tem, em grande parte das vezes, explicação científica, segundo o autor do recém-lançado livro.
De forma geral, todos já ouviram falar da base de todas as respostas para o que acontece nos cem trilhões de células humanas, ou seja, do chamado código da vida ou simplesmente “DNA”. Poucos entendem, porém, a maneira como interagem as moléculas que formam o patrimônio genético de cada indivíduo e, muito menos, a forma como elas se relacionam ao meio-ambiente em que tal indivíduo vive: “O termo ‘DNA’ está vulgarizado, sendo utilizado em expressões do tipo ‘DNA do meu partido’, ‘DNA da cidade de São Paulo’ etc. Minha proposta é mostrar qual a real importância dessa molécula”, afirma Naoum.
Ao longo do livro, é apresentada a relação do DNA com a ocorrência de doenças, como câncer, cardiopatia e hemofilia, e com a existência de outras questões de interesse, como longevidade, agressividade e resistência física. As constatações partem, principalmente, da soma de resultados do Projeto Genoma Humano, finalizado em 2001, que reuniu cientistas de todo o mundo para identificar a sequência de DNA de cada um dos 23 pares de cromossomos e indicar o conjunto de genes que o homem possui e seus mecanismos.
A obra é escrita de forma romanceada, com o relato de casos científicos ligados principalmente a personalidades, como do sociólogo Herbet José de Souza, o “Betinho”, vítima de hemofilia, e do músico austríaco Amadeus Mozart, dono da virtude do “ouvido absoluto”. “O livro atende aos questionamentos do dia a dia e de interesse público ou profissional, notadamente de médicos, biólogos, advogados, psicólogos e professores, que podem conhecer detalhes da descoberta do DNA, das tramas e disputas entre cientistas e do papel dessa molécula na saúde, doença, comportamento e virtude”, avalia o autor.
Temas controversos, como do DNA da inteligência, que ainda é “procurado”, e dos caminhos da terapia genética também são abordados, levando o leitor à reflexão. Para Naoum, ainda se está buscando a melhor forma de usar o conhecimento adquirido no Projeto Genoma Humano, mas a discussão sobre como lidar com todo esse poder já deve começar ? e é esse um dos objetivos de “Em nome do DNA..”.
Novas fronteiras – Naoum acredita que as informações que os cientistas já têm quanto ao DNA são responsáveis pelo surgimento de novos caminhos, que em breve vão influenciar fortemente outras áreas além da medicina: “Um exame biológico pode indicar se a perversidade de um sujeito tem causas biológicas ou não, auxiliando a Justiça”. Segundo ele, no entanto, esse tipo de conhecimento continua restrito, em geral, aos laboratórios.
Medicina individualizada – A união das características hereditárias de um indivíduo com as do meio-ambiente em ele vive ou viveu é responsável pela resposta de seu organismo aos tratamentos de saúde disponíveis. É por isso que dois pacientes com determinado tipo de leucemia, por exemplo, submetidos ao mesmo tratamento, podem apresentar uma recuperação totalmente diferente.
Segundo Naoum, essa constatação dá força, cada vez mais, à chamada medicina individualizada, da qual a principal marca é o controle preventivo, com base no estudo do patrimônio genético do indivíduo. “Esse tipo de medicina, também chamada de cooperativa, já é realizado, mas a maior população ainda não tem acesso a isso”.
Em nome do DNA está disponível para venda em livrarias especializadas na área de saúde.