O presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Fernando Matos, reagiu indignado diante da informação de que o País perdeu 11.214 leitos entre 2005 e 2009, conforme apontou pesquisa do IBGE. “É evidente que essa redução de leitos é fator determinante para a crise nas emergências hospitalares, sempre superlotadas. Antes, a superlotação era basicamente no inverno aqui no Estado, agora o problema é permanente. Os pacientes são atendidos, muitas vezes acomodados de forma precária, porque não existem leitos. É um crime o que os governos fazem com a saúde pública brasileira”, desabafou.
Fernando Matos lamentou também que os estabelecimentos privados de saúde tenham reduzido em 11,7% sua participação na oferta de serviços ao SUS no mesmo período, ainda conforme pesquisa do IBGE. De 2005 a 2009, o número caiu de 3.066 para 2.707.
“É preocupante que os hospitais privados estejam pouco a pouco abandonando o SUS, mas isso apenas comprova o quanto os serviços são mal remunerados pelo sistema. Assim como os hospitais, os médicos também estão começando a se afastar do SUS, lutando por melhor remuneração e melhores condições de trabalho. O SUS precisa rever urgentemente sua tabela de valores”, alertou o presidente do Cremers.
Fernando Matos lembrou que desde 1995 foram fechados cinco hospitais em Porto Alegre, sem contar os que encerraram suas atividades no Interior. “O tradicional hospital Maia Filho, inclusive, vai a leilão agora em dezembro. É um hospital que atendia também pelo SUS. A cada ano aumenta a população e reduz o número de leitos. Na Capital, houve redução de centenas de leitos do SUS por parte de vários hospitais”, frisou.
Hospitais fechados em P. Alegre:
Lazarotto: 240 leitos. Fechado desde 1995.
Ipiranga: 140 leitos. Fechado em 2001.
Maia Filho: 70 leitos. Fechado em 2005. Está em leilão.
Independência: 95 leitos (57 atendiam SUS). Fechado desde abril.
Luterano: 122 leitos (convênios e particular). Fechado desde abril.