O presidente da Associação Médica Mundial (WMA), Yoram Blachar, visitou o Brasil na semana passada e participou de algumas das atividades promovidas pela Associação Médica Brasileira. Blachar é também presidente da Associação Médica de Israel desde 1995. Veja resumo sobre passagem de Yoram Blachar pelo país. 30 de julho – Reunião do Conselho Científico José Luiz Gomes do Amaral, presidente da AMB, convidou Yoram Blachar para participar da reunião do Conselho Científico e apresentar a todos os representantes das Sociedades de Especialidade a conferência “Especialização médica: similaridades e diferença entre os países”. “É um prazer conhecê-los. Vocês não têm uma tarefa fácil ao determinar o que é necessário para preparar o futuro dos especialistas. Eu realmente os aplaudo por esse trabalho”, disse na abertura. Blachar falou um pouco sobre a história da especialização médica e sobre quem está autorizado a certifica-la em vários países. Em Israel, por exemplo, é o Conselho Científico da Associação Médica Nacional, formado por 55 áreas, o responsável pelo processo de certificação e pelos requisitos de cada especialidade. Além disso, a residência médica no país tem duração de quatro anos, para as áreas de clínica médica, e de até sete para as áreas cirúrgicas. “Ao final da residência, o Conselho Científico analisa o histórico acadêmico do estudante e, caso o aluno tenha completado todos os requisitos, encaminha uma recomendação legal para o Ministério da Saúde para emitir o certificado”, explicou. No Reino Unido, quem cuida do processo da certificação dos especialistas é o Postgraduate Medical Education and Training Board (PMETB), um órgão regulatório independente que oferece programas de treinamento para várias especialidades médicas. Terminado esse curso, o médico pode pedir o Certificiate of Completion of Training (CCT) e, apenas quando consegue esse documento é que está apto para dar entrada no registro de especialista do Conselho de Medicina Geral. Já no Canadá, é o College of Family Physicians of Canada (CFPC) e Royal College of Physicians and Surgeons of Canada (RCPSC) que oferecem os programas de residência. Para receber a certificação do CFPC, o graduando deve completar uma pós-graduação de dois anos em medicina de família e comunidade. Para receber a certificação do Royal College precisa completar o programa de pós-graduação de quatro ou mais anos e passar nos exames. O aluno deve então pedir ao Colégio Médico e Cirúrgico da província onde gostaria de atuar a certificação. Cada província regula as habilidades necessárias que cada médico deve ter. “A conclusão que podemos ter é que cada país tem seu próprio método para certificar especialistas e as organizações responsáveis por este processo devem ser independentes”, disse Yoram Blachar ao final. O conselheiro do CFM, Antônio Gonçalves Pinheiro, assistiu à conferência e avaliou o quadro brasileiro na especialização: “estamos no bom caminho. Nosso sistema é bom, mas precisa ser aperfeiçoado”, declarou Pinheiro. 30 de julho – Palestra no Hospital Albert Einstein Após sua participação no Conselho Cientifico da AMB, o presidente da WMA ministrou palestra sobre qualidade e segurança na medicina moderna no auditório do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. O evento teve o apoio da Associação Médica Brasileira, do Hospital Israelita Albert Einstein e do capítulo brasileiro da Associação Médica de Israel. Ao apresentar Blachar, Elias Knobel, vice-presidente do hospital, destacou a importância do momento. ”A crise da medicina não é mais aguda, é crônica. Em todo mundo, o profissional nem sempre tem seu valor reconhecido. Blachar representa uma Associação que congrega pessoas em torno de um ideal do exercício da profissão”. Segundo o presidente da WMA, pacientes e médicos querem a mesma coisa: um sistema de saúde possível e seguro “Cerca de 10% dos pacientes de países industrializados sofrerão danos que poderiam ser evitados. No Reino Unido, essa taxa é de 11,7%; na Dinamarca, 9% e 16,6% na Austrália”, afirmou no início da apresentação. Para Blachar, erros médicos podem terminar de duas maneiras: near miss, quando um erro ocorre, mas não causa danos ao paciente ou outros eventos que podem levar a morte. “Near misses continuam sub-reportados devido ao medo de litígios, processos de responsabilidade civil, repressão e as manchetes sensacionalistas na mídia. Esse clima de ameaça resulta na medicina defensiva”, disse. Na apresentação, Blachar ressaltou que a medicina defensiva protege o médico de processos, mas não melhora a qualidade da assistência. “O profissional fica mais relutante para tratar populações de risco, em que a possibilidade de um desfecho negativo é maior’. Entre as estratégias para minimizar os erros, segundo o presidente da WMA, estão: usar a tecnologia, quando possível; melhorar a comunicação entre os membros da equipe e incentivar uma cultura de liberdade tanto para perguntar como para apontar erros; diretrizes clínicas; protocolos acessíveis e flexíveis. Na conclusão da palestra, Blachar enfatizou a necessidade de mudar a cultura de culpa para segurança. “Como reagir a um erro médico? Erros acontecerão, mas o que faremos com isso é o diferencial. Vamos usar os erros como oportunidade para aprender e melhorar a segurança do paciente”, finalizou. 31 de julho – Abertura do Curso de Líderes da AMB A última atividade de Yoram Blachar em São Paulo foi a abertura do I Curso de Formação de Líderes, promovido pela AMB e realizado na sede da APM. Ao apresentar o convidado aos participantes, José Luiz Gomes do Amaral, disse que a iniciativa de montar o curso surgiu depois de participar de aulas semelhantes oferecidas pela Associação Médica Mundial. “Há dois anos temos participado do curso de formação de líderes oferecido pela WMA a partir da visão dos problemas que os médicos enfrentam em diversos países. Ficamos entusiasmados com a experiência e adaptamos as aulas buscando o aprimoramento da representação médica no Brasil e o futuro da medicina no pais”, disse. Blachar parabenizou a AMB pela iniciativa e fez uma breve introdução sobre o trabalho desenvolvido pela WMA, desde que foi fundada em 1947. Fonte: AMB