As entidades médicas nacionais vêm a público defender a suspensão da abertura de novos cursos de Medicina no Brasil e da ampliação do número de vagas nos já existentes. Não necessitamos de um maior número de médicos e, sim, de uma política de saúde mais eficaz, que proporcione uma melhor distribuição desses profissionais pelo país. Acreditamos que não existe necessidade social para que seja autorizada a abertura de novas escolas médicas no Brasil. Somos contra o que chamamos de “atentado à saúde da população”, pois o número excessivo de médicos formados anualmente, mais de dez mil, com formação deficiente, se configura num perigo para a sociedade. Além disso, o excessivo número de médicos subjulga os profissionais que já estão no mercado, fazendo com que aceitem o pagamento de honorários a preço vil e se submetam a condições de trabalho inadequadas, expondo-os a cometer, com maior probabilidade, infrações éticas. Em audiência pública na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (12 de agosto), ficou claro o desacordo entre os conselhos nacionais de Educação e Saúde nos processos de criação das novas escolas de Medicina: o MEC autorizou a criação de várias faculdades em processos que tiveram parecer contrário do Conselho Nacional de Saúde. Atualmente, contamos com 116 escolas médicas em funcionamento no país. Só nos primeiros seis meses de 2003, cinco novos cursos de Medicina foram autorizados pelo MEC. Essas autorizações levaram o Ministério da Saúde a pedir a suspensão, por cento e oitenta dias, da abertura de novos cursos na área. As entidades médicas apoiam esta medida e acreditam que essas autorizações deveriam ser suspensas por um mínimo de dez anos, conforme propõe o Projeto de Lei 65/03, do deputado Arlindo Chinaglia. Defendemos que, nesse período de suspensão da abertura de novas escolas médicas, seja efetivada uma avaliação detalhada dos cursos de Medicina em funcionamento. Quando assumimos a defesa pela não-abertura de novas escolas de Medicina e do não-aumento do número de vagas nas já existentes, nos posicionamos como entidades que procuram defender a sociedade, uma vez que o médico lida com o bem mais importante do ser humano: a vida. Conselho Federal de Medicina Associação Médica Brasileira Confederação Médica Brasileira
Por que somos contra a abertura de novas escolas médicas?
18/08/2003 | 03:00