Os prejuízos à saúde são enormes nas proximidades de pólos de produção do etanol O investimento maciço na produção de etanol usado como combustível tem sido política primordial do agronegócio brasileiro. Entretanto, este processo traz consigo inúmeras conseqüências ao solo, à atmosfera e, principalmente, à saúde. Em pesquisas realizadas em Araraquara e Piracicaba, interior de São Paulo, pneumologistas analisaram os diversos impactos desse fenômeno à saúde cardiorrespiratória. Os estudos serão amplamente debatidos e explorados durante o 12º Congresso Paulista de Pneumologia e Tisiologia, a ser realizado de 15 a 18 de novembro de 2007. “As abordagens serão realizadas por profissionais de vasta experiência e contemplarão análises completas, sob diversos prismas”, adianta dr. Rafael Stelmach, presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia – SPPT. Segundo o dr. Rafael, a conferência será dividida em quatro etapas. “Primeiramente, um representante do Ministério da Saúde fará um panorama do que está sendo feito para monitorar as queimadas na floresta amazônica e seus respectivos impactos para a saúde. No simpósio seguinte, serão analisados os benefícios e conseqüências para saúde da combinação de combustíveis, álcool e gasolina, na cidade de São Paulo. A terceira palestra abordará o efeito da queima de cana-de-açúcar no sistema cardiorrespiratório. Por último, todos os aspectos serão alinhavados e analisados em um contexto mais abrangente, sob a ótica do aquecimento global”.
Etanol e a saúde pública No Brasil, maior produtor de açúcar e álcool do mundo, aproximadamente 6 milhões de hectares são reservados ao plantio de cana-de-açúcar. Em 80% desse território, há queimadas no pré-colheita. Só o estado de São Paulo é responsável por 75% dessa produção. “Nos últimos anos, presenciamos diversos episódios de queimas de biomassa e vegetação em todo o mundo, porém, a única queima programada é aquela realizada durante o processo de fabricação do etanol. Isto acontece a despeito de os estudos mostrarem que o material particulado e os gases emitidos com a combustão geram inúmeros problemas ambientais e de saúde”, ressalta dr. Marcos Abdo Arbex, pesquisador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da FMUSP e médico do programa de pós-graduação em Clínica Médica da UNIFESP. Por meio dos estudos feitos em Piracicaba e Araraquara, foi possível verificar que a queima da palha da cana-de-açúcar contribui para o aumento de hospitalizações e atendimentos emergenciais. “Os mais afetados são as crianças, idosos acima de 60 anos e pessoas que já possuem patologias cardiorrespiratórias. Só em Piracicaba foi registrado um aumento de 21% nas internações infantis. Ou seja, além de prejudicar a saúde de pessoas sem problemas aparentes, exacerba os sintomas nos portadores de asma, bronquite, hipertensão arterial, arritmia cardíaca, entre outros”, pondera dr. Marcos Arbex.
Os impactos aos canavieiros Por se tratar de um combustível puro, a utilização do etanol em regiões metropolitanas é benéfica para reduzir a poluição. O que os médicos questionam é o modo de fabricação deste produto. “A queima da cana antes de seu corte aquece a terra e, algumas vezes, o calor se conserva até a chegada do trabalhador ao canavial. A alta temperatura se intensifica no decorrer do dia, pela ação solar. Além do calor, o trabalhador fica exposto à poeira e à fuligem da cana queimada que impregnam em seu rosto, mãos e roupas. Em muitos casos não há ambiente apropriado para alimentação e condições sanitárias precárias”, relata dr. José Eduardo Delfini Cançado, pesquisador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da FMUSP e diretor da SPPT.
12º Congresso Paulista de Pneumologia e Tisiologia Data: de 15 a 18 de novembro de 2007 Horário: 8h às 18h Local: Centro Fecomércio de Eventos Endereço: Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – Bela Vista Informações: (11) 5080-3725 Fonte: Acontece Comunicação e Notícias