Uma pesquisa que virou tese de doutorado na Universidade Estadual de São Paulo, feita com médicos de todo o Brasil revelou que uma parcela grande de médicos sabe pouco sobre os medicamentos que costuma receitar. Mais da metade nem estudou o assunto na faculdade, disse o doutor Juang Horng Jyh, autor da pesquisa. Com 18 anos de experiência como pediatra de UTIs, desde a época da faculdade ele se preocupava com o risco de se receitar remédios errados ou em dose exagerada. O médico chegou a colecionar receitas que considerava absurdas, assinadas por colegas médicos, por isso transformou a preocupação em pesquisa. Durante dois anos, o doutor Juang percorreu congressos médicos pelo Brasil e distribuiu questionários para 800 colegas de profissão com o objetivo de avaliar o conhecimento deles sobre remédios. A pesquisa foi transformada numa tese de doutorado na Unesp, com resultados preocupantes: 60% disseram que na faculdade não tiveram aulas específicas para aprender a receitar um medicamento. A falta de informação é grande. Vinte e sete por cento dos entrevistados se atualizam com a ajuda de vendedores dos laboratórios. O questionário incluiu perguntas bem específicas. Por exemplo: qual o antídoto para o paracetamol – um remédio contra dor e febre, que pode intoxicar alguns pacientes. Só 47% por cento acertaram a resposta. Quarenta e três por cento dos médicos não souberam responder o que fazer quando o paciente tem uma reação grave ao tomar um medicamento. E 73% admitiram que já receitaram remédios sem conhecer bem a composição deles. “É importante o médico saber como esse medicamento vai interagir com o doente, muito antes de prescrever. O medicamento tem que ser usado adequadamente, senão pode atuar como veneno”, alerta o doutor Juang Horng Jyh. O tema preocupa o Conselho Regional de Medicina de São Paulo, que, no entanto, faz uma ressalva. “Eu gostaria de dizer à população que ela deve ficar tranqüila, porque se estão sendo medicados por especialistas, o especialista estará receitando um medicamento da especialidade de forma adequada”, afirmou Clóvis Francisco Constantino, presidente do CRM-SP. Fonte: Site do Jornal Nacional.
Pesquisa mostra que médicos sabem pouco sobre os remédios que receitam
03/06/2004 | 03:00