O Conselho Federal de Medicina, CFM, acaba de divulgar os resultados da maior pesquisa já realizada sobre o perfil dos médicos brasileiros. Foram entrevistados 14.405 profissionais de todas as regiões do país e a maioria está pessimista quanto ao seu futuro, avaliandoa atividade como desgastante e mal remunerada. E não é para menos. Fazendo uma comparação com a primeira pesquisa, realizada em 96, fica evidente a erosão sofrida pelos médicos. Só para se ter um exemplo, apenas 8,5% dos entrevistados têm salário acima de R$ 12 mil por mês. No estudo anterior, esse grupo representava quase 20% do total. Hoje, mais da metade dos médicos tem renda inferior a R$ 6 mil mensais, ou seja, o mesmo que ganha um gerente de loja de grife. Quase metade dos médicos atende por planos de saúde, ganhando cerca de R$ 25,00 por consulta, valor que há mais de sete anos não sofre reajuste. No geral, a Medicina continua sendo exercida em sua maioria por profissionais do sexo masculino (69,8%). No Brasil, a Medicina é exercida pincipalmente por jovens com menos de 45 anos (63,4%). Os médicos estão acreditando mais no trabalho em cidades do interior. Apesar da profissão continuar sendo exercida predominantemente nas capitais a porcentagem correspondente (62,1%) é inferior à registrada na pesquisa passada que foi de 65,9%. Em Minas Gerais, por exemplo, o número de médicos que atuam no interior passou de 52,6% para 54,6%. No que diz respeito à formação dos profissionais e a continuidade dos estudos, 14% dos médicos disseram ter feito o curso de emstrado, enquanto que na pesquisa anterior este número era de apenas 7,7%. Do total, 6,8% afirmam ter feito doutorado contra apenas 3,7% da última pesquisa. No entanto, o estudo Qualificação, Trabalho e Qualidade de Vida do médico mostra que a maioria dos profissionais cada vez mais sente necessidade e buscam aperfeiçoamento. Eles se preocupam com a qualificação para garantir espaço no mercado de trabalho. A maioria já realizou algum curso de pós-graduação (78,1%). Dos que fizeram especialização ou residência médica, 66,5% receberam o título de especialista. Outros itens mostram que 90% dos médicos acham a profissão desgastante. 56% trabalham em três ou mais empregos e 43% fazem plantões semanais de 12 a 48 horas. 49% estão vinculados a planos de saúde e 52% ganham menos de R$ 6 mil por mês. Apesar de tantas adversidades, 65% dos médicos afirmam estar satisfeitos com a profissão. A porcentagem dos formados que não a exercem é de apenas 2%.
Pesquisa do CFM traça perfil dos médicos no Brasil
20/05/2004 | 03:00