Sete de cada dez entrevistados são a favor da alteração da lei atual. Querem uma nova legislação que possibilite o fumo só em locais abertos A pedido da Aliança de Controle do Tabagismo – ACTbr, o Instituto Datafolha fez uma pesquisa em São Paulo, entre 7 e 9 de novembro, para apurar o que os paulistanos pensam hoje em relação ao fumo em ambientes fechados. Foram ouvidas 612 pessoas, sendo 75% não fumantes e 25% fumantes. A margem de erro máxima para o total da amostra é de 4 pontos percentuais, para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%. É esmagadora a posição contrária ao fumo em locais fechados: 88%. Entre os próprios fumantes, 85% apóiam ambientes fechados livres de fumo. O apoio à proibição do fumo é muito grande principalmente para restaurantes (86%) e lanchonetes (81%). A maioria também quer a proibição em bares (59%) e casas noturnas (58%). No que se refere à alteração da lei 9294/96, proibindo totalmente o fumo em ambientes fechados, o apoio dos entrevistados também é elevado: 73% deles são favoráveis à eliminação dos fumódromos em locais fechados, o que corresponde a sete em cada dez paulistanos. “A pesquisa reforça os resultados de 2006 e confirma que a maioria da população quer ambientes fechados 100% livres de fumo há muito tempo, só falta o engajamento das autoridades responsáveis para que o querer da sociedade se transforme em realidade. É bom constatar que 94% dos entrevistados sabem que o fumo passivo é prejudicial à saúde mas ainda precisamos trabalhar para desmascarar o mito da ventilação como uma possível solução para o fumo em ambientes fechados”, afirma Paula Johns, diretora da ACT. Segundo os resultados da pesquisa, os empresários do setor não têm o que temer, pois a freqüência a estes locais, caso o fumo venha a ser totalmente proibido, será mantida ou irá aumentar, de acordo com 82% dos entrevistados
Alguns pontos interessantes a destacar são: Em locais fechados, a maioria dos entrevistados crê que o fumo prejudica a saúde também de quem não é fumante (94%); A maior parte das pessoas acredita mais na eficiência dos fumódromos em locais de trabalho do que em áreas reservadas em restaurantes, bares e lanchonetes. E considera ineficiente esta medida segregacionista em relação ao incômodo causado aos funcionários destes estabelecimentos; A pesquisa também perguntou qual ação os entrevistados acham mais importante para fazer valer a lei que proíbe fumar em locais fechados. Quarenta por cento acham que a conscientização da população é o mais importante, seguida pela punição em caso de descumprimento (35%) e fiscalização (25%).
Campanha Nos próximos dias, a ACTbr estará lançando uma campanha, desenvolvida pela agência Neogama/BBH, contra o fumo em ambientes fechados. O tema da campanha é que qualquer ambiente fechado é pequeno demais para o cigarro e estão previstos cartazes, anúncios em revistas e jornais, filme para TV e spot para rádio. Além disso, será desenvolvida uma ação nos principais bares, restaurantes, lanchonetes e casas noturnas de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Experiências internacionais A Convenção Quadro para o Controle do Tabagismo, primeiro tratado mundial de saúde pública, da qual o Brasil faz parte, recomenda que os países elaborem e apliquem leis de ambientes fechados (públicos e de trabalho) 100% livres de fumo e que se promova a educação para a sensibilização da população e a fiscalização do cumprimento da lei. Experiências como o Smoke-freeAir Act, da cidade de Nova York, Estados Unidos, mostram que a proibição do fumo é uma solução viável para o controle do tabagismo, não acarretando perdas econômicas, como pregado pelas indústrias do tabaco, que cria mitos e induz alguns setores da indústria da hospitalidade contra as medidas. Desde março de 2003 em vigência, seu relatório de um ano registrou que houve adesão de 97% dos restaurantes e bares da cidade e que houve um aumento drástico na qualidade do ar dos ambientes. Estimou-se que 150 mil trabalhadores não eram mais expostos à poluição tabagística ambiental (PTA) no trabalho e observou-se uma diminuição de 85% nos níveis de cotinina nos trabalhadores não-fumantes. Em pesquisa, 16% da população disseram ter passado a freqüentar mais os restaurantes e bares com a lei, 73% disseram não ter mudado de comportamento e a minoria, 11%, disse que passou a freqüentar menos os restaurantes e bares com a proibição do fumo. Em julho de 2003, todo o Estado de Nova York passou a ter o fumo proibido em ambientes coletivos fechados, com multas de até mil dólares por infração. Outros estados americanos também adotaram legislação igual. Na França, desde 1o. de fevereiro de 2007 é proibido fumar em lugares de trabalho, inclusive em restaurantes, bares, nightclubs. Universidades e instituições de ensino devem ter áreas abertas para fumantes. Irlanda, Irlanda do Norte, Itália, Escócia, Inglaterra, País de Gales, Noruega, Suécia, Finlândia, Nova Zelândia, Bermuda, Uganda, Canadá, Malta, Uruguai, Hong Kong e Butão são exemplos de países que adotaram legislações de espaço livre de cigarro para locais de trabalho, incluindo a indústria de hospitalidade. Fonte: ACTbr