Os leitos de UTI para pacientes com covid-19 nos serviços gerenciados pelos planos de saúde tiveram uma alta ocupação em 2020, período em que os destaques foram observados nos meses de setembro e outubro, com um índice de 54%. Neste ano, a procura continua alta: em maio atingiu 79%.
Já os leitos não covid tiveram a menor ocupação em maio de 2020, quando estavam com 61%, e a maior em fevereiro de 2021, quando o índice ficou em 71%. Esses são alguns dos dados do Boletim Covid-19 da ANS, que mostram como o vírus SarsCoV-2 impactou a saúde suplementar.
De acordo com o boletim, em abril deste ano a taxa de ocupação de leitos recuou ao patamar de antes da pandemia. A mudança decorreu, principalmente, da redução na ocupação dos leitos dedicados ao atendimento de covid-19. “Os dados também mostram que o índice de sinistralidade do primeiro trimestre de 2021 permanece inferior ao observado no mesmo período de 2019, pré-pandemia, e não se observa, até o momento, tendência de alteração no segundo trimestre”, explicou em nota a ANS.
Segundo a ANS, a procura por exames e terapias eletivas caiu em relação a abril de 2019. Esses indicadores sugerem que não há impacto significativo da pandemia de covid-19 nos custos totais do setor de saúde suplementar e na utilização assistencial no primeiro trimestre, quando comparados com os níveis pré-pandemia.
Entidades representativas dos planos de saúde argumentam que há uma demanda reprimida que levará a um aumento de custos. No entanto, há críticos dessa avaliação: “a queda dos atendimentos eletivos se deveu à preocupação com a possível falta de leitos nas unidades de tratamento intensivo. Muitos procedimentos que foram postergados serão realizados agora. Não vejo como aumento de despesa dos planos de saúde. Será a recomposição da demanda reprimida. Arrecadaram sem oferecer os procedimentos, que em algum momento deverão ser realizados e, por consequência, pagos”, argumenta Anastácio Kotzias, coordenador da Comissão de Saúde Suplementar do CFM.
Reclamações – A ANS aponta ainda um volume importante de queixas de usuários dos planos vinculadas especificamente à oferta e à qualidade do atendimento de pacientes com covid-19. Apenas em abril deste ano a ANS registrou 13 mil reclamações.
Do total de reclamações relacionadas à pandemia de covid-19, 40% foram a respeito de dificuldades relativas à realização de exames e tratamento, 46% sobre outras assistências afetadas pela pandemia e 14% referentes a temas não assistenciais, como contratos e regulamentos, por exemplo. Segundo Kotzias, “o CFM se manterá atento ao comportamento do setor para garantir a melhor assistência e condições para o bom exercício da medicina”.