Dezessete dias após receber a aplicação de tecidos extraídos da própria coluna vertebral, Maria Pomuceno, vítima de acidente vascular cerebral, voltou a andar e falar. Médicos estão impressionados com resultados do tratamento RIO – Inédito no mundo, o transplante de células-tronco adultas em uma vítima de Acidente Vascular Cerebral (AVC) agudo foi feito, com sucesso, por médicos e pesquisadores do Hospital Pró-Cardíaco e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo os coordenadores do estudo, além de seguro, o procedimento pode ter contribuído para a rápida recuperação da dona de casa Maria das Graças Pomuceno, 54 anos, moradora de Rio das Pedras, favela da Zona Oeste do Rio. As células-tronco injetadas são autólogas, ou seja, foram retiradas da própria paciente. Dezessete dias após o implante, em 24 de agosto, Maria já andava sozinha, sem a ajuda de cadeira de rodas, e movia os braços. Um quadro muito diferente do apresentado ao ser internada, quando chegou sonolenta, incapaz de falar e compreender o que lhe diziam, com o lado direito do corpo paralisado. Tomografia do cérebro feita uma semana após o procedimento aponta uma área de intenso metabolismo. “O brilho no exame demonstra a existência de células vivas em uma área que antes estava totalmente escura. Essa foi a imagem que mais nos surpreendeu”, disse o diretor-científico do Pró-Cardíaco, Hans Fernando Dohmann. Quase duas semanas após o implante, houve uma queda de cinco pontos na escala produzida pelo National Institute of Health, que mede o comprometimento das funções cerebrais provocado pelo derrame. Depois de separadas no Instituto de Biofísica da UFRJ, as células retiradas da própria paciente foram implantadas por meio de um microcateter que, introduzido na virilha, chegou até a artéria cerebral média esquerda, lesionada pelo AVC. “Levamos 15 minutos para injetar os três mililitros contendo 30 milhões de células”, explicou Dohmann. Um aspecto fundamental do procedimento é que ele só pode ser feito entre três a cinco dias após o derrame. Um dos filhos de Maria, Márcio da Costa, comemorou o fato de, mesmo sendo humilde, sua mãe ter tido acesso a um tratamento de ponta. Otimistas com sucesso, cientistas reivindicam liberação de pesquisas RIO – Especialistas envolvidos no inédito teste de uso de células-tronco adultas no tratamento do derrame fizeram ontem um apelo pela liberação das pesquisas com células-tronco embrionárias. Trata-se das primeiras células a se formar no organismo, capazes de gerar todos os demais tecidos do corpo. Estudos feitos no exterior indicam que elas são muito mais potentes que as adultas. “Não conseguimos dominar totalmente as embrionárias e pleiteamos a liberação das pesquisas para avança”, disse Rosália Mendez-Otero, chefe do Laboratório de Neurobiologia da UFRJ. O projeto de Lei de Biossegurança que regulamenta a pesquisa tramita lentamente no Congresso Nacional. A demora se deve à oposição da bancada de parlamentares religiosos e ao fato de o assunto ter sido incluído no projeto dos transgênicos. Ontem, o governo anunciou as três instituições de pesquisa que irão coordenar o estudo sobre células-tronco autólogas. Da Assessoria de Imprensa do Cremepe. Com Informações do Jornal do Commercio.
Paciente se recupera de AVC com células-tronco
19/11/2004 | 02:00