Em palestra sobre os 200 anos do ensino médico no Rio de Janeiro, ocorrida nessa terça-feira, 20 de maio, no CREMERJ, o professor George Bittencourt Doyle Maia fez uma abordagem dos principais marcos da história das escolas médicas na cidade. “Não sou um historiador. Sou, na realidade, um contador de histórias. E hoje eu vou contar uma história: a saga do ensino médico do Rio”, disse o palestrante ao iniciar a atividade. Formado em 1944 na Escola da Praia Vermelha, o professor Doyle reúne um dos maiores acervos sobre a história da Medicina no Brasil. “A Medicina é uma arte, e como toda arte, precisa ser conhecida e valorizada. Aproveito para enfatizar a vinda de estudantes e residentes a essa palestra, porque isso é uma prova de que a juventude está interessada na luta pela nossa profissão. Quando não se conhece a história não se tem esperança. E ao vir hoje, aqui, ouvir o professor Doyle, mantemos a esperança”, declarou a presidente do CREMERJ, Dra. Márcia Rosa de Araujo. O professor Doyle chamou a atenção para a data de criação da primeira escola médica do Rio, tida como 5 de novembro de 1808. Nesse dia, houve um decreto nomeando o cirurgião-mor do Reino de Angola, Joaquim José Marques, como substituto do cirurgião Joaquim Mazarem no cargo de professor de anatomia do Hospital Real Militar no Morro do Castelo (onde antes era o colégio dos jesuítas). Porém, ele lembra que, meses antes, em 2 de abril, já havia um decreto instituindo o Dr. Mazarem nesse cargo, fato que não pode ser desconsiderado. O evento foi realizado pela Sociedade Brasileira de História da Medicina – Capítulo do Estado do Rio de Janeiro, e teve apoio do Cremerj e da Academia Nacional de Medicina. A mesa do evento foi composta pelo Dr. Antônio Ledo, diretor da faculdade de Medicina da UFRJ; Dra Márcia Rosa, presidente do CREMERJ; Dr. Carlos Alberto Basílio, presidente da Sociedade Brasileira de História da Medicina – Capítulo do Estado do Rio de Janeiro; Dr. Antônio Braga, secretário-executivo da sociedade; e pelo Dr. Orlando Marques Vieira, representante da Academia Nacional de Medicina. Confira alguns dos marcos citados pelo palestrante: Janeiro/1808 – Chegada de Dom João VI ao Brasil 18/02/1808 – Carta régia cria uma escola de Medicina em Salvador (BA). Com um plano bem definido, ela é a primeira faculdade de Medicina no Brasil 02/04/1808 – Dom João assina decreto nomeando o cirurgião Joaquim Mazarem como professor de anatomia do Hospital Real Militar no Morro do Castelo, na cidade do Rio de Janeiro 05/11/1808 – Novo decreto substitui Joaquim Mazarem pelo cirurgião-mor do Reino de Angola, Joaquim José Marques, como professor de anatomia. Data oficial para o início do ensino médico no Rio de Janeiro 1810 – Dom João determina que três professores façam curso de especialização em Edimburgo (Escócia) para trazer os ensinamentos ao Brasil 1813 – É criada a Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro. Seu estatuto estabelecia que para o ingresso bastava saber ler e escrever e que “Bom será que os alunos saibam inglês e francês” 1829 – Um grupo de médicos cria a Sociedade de Medicina, que é hoje a Academia Nacional de Medicina 3/10/1832 – Sancionada lei que cria a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, com estatuto bem elaborado, instituindo seis anos de curso, 14 disciplinas etc. Exigia idade mínima de 16 anos para ingresso, saber latim, francês e filosofia, diferentemente do “Bom será…” de 1813 1854 – Primeira grande reforma da faculdade, com o surgimento de novas disciplinas 1879 – Reforma Leôncio de Carvalho, que atingiu o ensino fundamental e o ensino superior, com ajuda de Visconde de Saboya. Na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro foram incorporadas novas disciplinas, o ensino prático, laboratórios etc 1881 – Visconde de Saboya é nomeado diretor da faculdade após a reforma 1883 – É permitida a matrícula de mulheres na faculdade 1915 – Aloísio de Castro assume a direção da faculdade 1920 – Criada a Universidade Federal do Rio de Janeiro 1972 – General Emílio G. Médici transfere a Escola da Praia Vermelha para a Ilha do Fundão Fonte: Cremerj