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O romantismo na vida de Sigmund Freud Outro dia, remexendo meus guardados sobre a vida de Freud, deparei-me com uma série de cartas que aquele genial cientista escrevera para sua, naquela época, noiva Marta Bernays. O ano era o de 1884, uma segunda- feira de janeiro. Esta data coincidia justamente com a publicação na revista Brain do seu primeiro artigo científico Novo Método Histológico para o Estudo das Vias Nervosas no Cérebro e na Medula Espinhal. Minha doce namorada Sua última carta, meu tesouro, trouxe a notícia pela qual venho ansiando há muito tempo. Claro que quero sua fotografia, se possível em tamanho natural, para consagrar meu novo quarto, para o qual ainda não me mudei e se eu for o único a receber uma fotografia sua, ficarei particularmente feliz, minha amada. O plantão é sempre uma pausa muito amena: posso ler muito, fazer planos, recordar o passado e olhar para o futuro. Por outra parte, se faço isto geralmente me aborreço por não poder cumprir meu propósito de escrever-lhe todos os dias. Tudo o que vem de você e que lhe diz respeito é tão terno! Você acha que pode continuar a amar-me se as coisas continuarem assim anos e anos eu enterrado no trabalho e lutando por um sucesso aleatório e você solitária e distante? Acho que terá de continuar, Martinha, e em troca eu a amarei muito. Com carinhoso amor, seu Sigmund. Como podemos observar, esta carta, como todas as que Sigmund Freud escreveu à Marta, está carregada de ternura, demonstrando, mais uma vez, o poder do fascínio da mulher na vida de todos os homens, independente de serem gênios ou pobres mortais. Fazenda Santa Tereza Sinto que a Santa Tereza retempera minhas energias; não busco, ao procu-rá-la, nada diferente a não ser senti-la em toda sua plenitude. Não há preocupação definitiva com a sua atividade gerencial; sinto necessidade de rever minhas flores, seu gramado, minhas esculturas, suas represas e sobretudo sua alegria esplendorosa. Tomo a cadeira de recostar que pertenceu ao meu pai, coloco-a na sombra aconchegante de uma mangueira, estiro meus pés sobre a relva e preguiçosamente assumo a onipresença do momento. Vejo ao longe, deslizando sobre a água límpida da represa, vários casais de patos selvagens. Analiso suas trajetórias e concluo que não há lógica determinada nos seus passeios; uns viram para direita, alguns acompanham e outros vão em sentido contrário; de repente, devido à aproximação de um animal nas margens do lençol d’água, fazem uma revoada para voltarem logo em seguida. O que determina esta atividade? Instinto de sobrevivência, ensinará um erudito em assuntos da natureza. Gostaria de poder entender as razões e a lógica destas movimentações, para poder discutir em outro nível com os experts. Haverá vantagem em se tentar explicar estes acontecimentos ? A vida continua e outros patos voltarão a repetir a mesma rotina; nadam para direita, para esquerda, e de repente voam! Vejo um casal de bem-te-vis fazendo algazarra na copa de uma árvore vizinha; de repente um deles voa célere no sentido da represa e improvisa um mergulho. Volta para junto da companheira ou companheiro e parece que trocam opiniões a respeito da aventura. Em seguida, aquele mesmo que havia empreendido a aventura anterior repete a proeza, talvez com a intenção de mostrar ao parceiro que não havia perigo, ou era apenas uma maneira que ele encontrou para aplacar o calor. O companheiro ou a companheira adquirem confiança; assisto em seguida uma seqüência de vôos, mergulhos e retornos, sempre precedidos e procedidos por uma sinalefa de sons. Pareciam dois moleques à beira de um ribeirão, disputando qual deles faria a maior proeza em mergulhos e cambalhotas. A diferença entre as duas ações, no entanto, deixa-me pesaroso. Enquanto os bem-te-vis, após a festa que improvisaram, voam para outras paragens, inconscientes de que a vida terá seqüência, os dois moleques que tomei como exemplo terão o retorno à realidade avassaladora do cotidiano. Deve ser por isto que, quando criança, tinha inveja dos pássaros, tinha vontade de imitá-los na liberdade de ir e voltar, independente de comandos, a não ser o da própria vontade. Volto das minhas elocubrações, abro o jornal e acompanho o noticiário tão distante da minha atual realidade. Sinto uma tristeza imensa! “Tomo a cadeira de recostar que pertenceu a meu pai”

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