Alertar e fazer o médico refletir sobre sua saúde. Esta foi a proposta da psicanalista Débora Pimentel ao palestrar sobre a “Saúde Mental do Médico”, na última quinta (17/10), no auditório do CRM. O evento fez parte da programação da Semana do Médico e foi realizado numa parceria entre o Conselho e o Sindimed. Algumas questões como a humanização da relação médico-paciente, debatidas em plenárias promovidas pelo Conselho mensalmente, foram colocadas como prioridade na profissão do médico. “Escutar seu paciente é a parte mais importante da consulta. Maimônides já dizia no século XII, que uma consulta ideal deve ter uma hora: 10 minutos para cuidar do corpo e o restante para cuidar da alma. Mas hoje a medicina tem característica de fast-food. Infelizmente é uma imposição, principalmente do Serviço Público. Mas é essencial ouvir, olhar, tocar o paciente. Ele espera por isso.” Os números apresentados pela palestrante assustam. Os médicos são acometidos cada vez mais cedo por doenças psicossomáticas e pelo uso indiscriminado de drogas, que incluem tranquilizantes e bebidas alcoólicas. “E o pior é que eles não se dão conta de que estão doentes. A síndrome narcísica, que os faz pensar que nada vai acontecer com eles, é uma das responsáveis pelas doenças do jaleco branco”, explicou a psicanalista. O quadro no Brasil é tão sério, que a categoria médica é a segunda que mais comete suícidio, ficando atrás apenas dos policiais. Em média, 11% dos óbitos registrados entre os 24 e 39 anos são de médicos. Em São Paulo os médicos cometem quatro vezes mais suicídio do que a população em geral. Os policiais sete vezes. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Hospital das Clínicas de São Paulo, 63% dos médicos são hipertensos, 95% sabem disso e não fazem nenhum tipo de tratamento. Dez por cento dos especialistas – clínicos, anestesistas e cirurgiões, nesta ordem – usam drogas. Sem contar a expectativa de vida do médico que é de 10 anos a menos que a população em geral. Pesquisas também demonstram que as médicas são mais estressadas que os médicos. Isto pelas múltiplas funções de médica, mulher, mãe, filha, dona de casa…
Números sobre a saúde mental do médico são alarmantes
22/10/2002 | 03:00