O estudo revela ainda a formação de uma reserva de profissionais à qual se agregam ano a ano novos médicos. Isso acontece porque as séries históricas da evolução de saídas e entradas de médicos indicam que o número de médicos que deixa a atividade é sempre inferior às dos que ingressam no mercado de trabalho. Essa diferença mantém a tendência natural de crescimento do grupo.
Na Europa, essa reserva tende a diminuir por conta da faixa etária mais elevada população e da tendência de aposentadoria precoce. No Brasil, a situação é oposta. Essa reserva tende a crescer mais rapidamente e a se manter por período mais longo à medida que mais jovens médicos saem das escolas para o mercado. Diferentemente de países como a França, que já nos anos 1980 estabeleceu um número limite de entrada nas faculdades (numerus clausus), o Brasil optou por aumentar o número de escolas. O resultado será uma reserva de médicos sempre crescente, especialmente nos centros mais procurados, o que pode acirrar as desigualdades regionais.
O crescimento natural da população médica se acentuou nos anos 1970, quando a entrada se estabilizou muito acima das saídas. Essa relação se equilibra a partir do ano 2000, quando o número de entradas fica entre 13 mil e 14 mil e o de saída por volta dos 7 mil, com um crescimento natural de 6 mil a 8 mil médicos por ano.