Os médicos inscritos este ano no doutorado em Bioética oferecido pela Universidade do Porto em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) participaram na tarde dessa terça-feira (28) do seminário “Investigação em Bioética” em que foram repassadas informações sobre a pós-graduação. Além de dúvidas práticas sobre como vai funcionar o doutorado, o evento contou com a participação do professor doutor da Universidade Federal da Paraíba e coordenador do grupo de pesquisa Bases Normativas do Comportamento Social, Valdiney Gouveia, que deu orientações sobre a escolha do tema, definição do problema e estratégias de pesquisa.
O coordenador do doutorado e 1º tesoureiro do CFM, Hiran Gallo, que concluiu esse doutorado ano passado, incentivou os participantes a concluírem a empreitada. “A universidade é rigorosa, mas o resultado é muito gratificante”, assegurou. A tese defendida pelo conselheiro tratou da gravidez na adolescência em Rondônia, estado do conselheiro, com foco nos aspectos éticos e sociais. O presidente do CFM, Carlos Vital, enfatizou a necessidade de realização do doutorado e do debate sobre a bioética entre os médicos.
“O ético desempenho da medicina é o exercício da cidadania em tempo integral. Nesse sentido, o convênio entre o CFM e a Universidade do Porto, em Portugal, nos permite pensar na ética das virtudes na prática médica e a partir de uma perspectiva que não é nem anglo-saxônica, nem europeia, mas lusófona, muito mais próxima da nossa realidade”, afirmou. Para o presidente do CFM, que está concluindo o doutorado oferecido pela Universidade do Porto, a bioética não tem respostas prontas, mas é facilitadora de uma melhor relação médico e paciente, com orientações para decisões e soluções de conflitos.
O doutorado em Bioética oferecido pela Universidade do Porto dura três anos e tem um custo individual de € 2.750,00, bancado pelos alunos. As aulas presenciais serão ministradas na sede do CFM, em Brasília, por professores da Universidade. As primeiras aulas serão no próximo mês de julho. A defesa, no entanto, será em Portugal. O título é revalidado por universidades brasileiras, entre elas a Universidade de Brasília (UnB), onde foi revalidado o título do doutor Hiran Gallo. O curso aborda as principais correntes éticas da atualidade, fazendo uma ponte entre a bioética plural e secular e a ética e deontologia médicas convencionais. O conteúdo abrange temas como gênese dos direitos humanos, direito à privacidade, limites do segredo médico e procriação medicamente assistida, entre outros.
O conselheiro federal por São Paulo, Jorge Curi, está otimista em relação à pós-graduação. “Passamos por um momento de reafirmação dos valores da medicina, em que é preciso assegurar a ampliação do acesso, mas com qualidade. Acredito que neste curso teremos a oportunidade de intensificar este debate. E é importante que o CFM tenha reafirmado o convênio com a Universidade do Porto, pela importância que a entidade tem para a medicina brasileira”, afirmou. No edital atual, 30 médicos se inscreveram para fazer o doutorado. O professor Valdiney Gouveia tranquilizou os alunos em relação ao processo de doutoramento. “Um doutorado não é tão difícil quanto os cursos de medicina, a diferença é que não haverá professores dizendo o que têm de fazer. É preciso autodisciplina”, aconselhou.
Até o momento, 12 participantes de editais anteriores apresentaram suas teses e receberam o título. No próximo dia 20 de julho, haverá uma solenidade na sede do CFM, em Brasília, para a entrega solene desses diplomas, a qual contará com a presença do reitor da Universidade de Porto, professor doutor Sebastião Feyo Azevedo, da diretora da Faculdade de Medicina da respectiva Universidade, professora doutora Maria Amélia Ferreira e do diretor do programa doutoral em Bioética, professor doutro Rui Nunes, do presidente do CFM, Carlos Vital, e do coordenador do curso, doutor Hiran Gallo.