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Muito se tem falado, ultimamente, em programas de “Residência Integrada em Saúde” ou “Multiprofissional” patrocinados (e bem!) pela Secretaria de Gestão de Trabalho em Saúde do Ministério da Saúde. A fórmula é muito simples: se junta vários profissionais de diferentes áreas da saúde e, ao final de dois anos de “residência'” que não é médica, teremos um profissional de saúde “multifunção” ou “multiuso”. É o “doutor faz tudo”. O pretexto é o pretenso indicativo previsto na Lei do Sistema Único de Saúde: a integralidade da atenção à saúde! Somente aqueles com visão obtusa podem entender a integralidade da assistência como sendo aquela realizada por todos os profissionais de saúde simultaneamente a mesma tarefa, sem separação de seus saberes específicos aprendidos na graduação, suas competências e responsabilidades profissionais. Cada profissional de saúde aprendeu, em sua graduação, um saber geral (comum a todas as profissões: ética, epidemiologia, gestão em saúde, etc…) e um saber específico privativo de sua profissão (exatamente o que a caracteriza e a torna diferente das demais: medicina, enfermagem, psicologia, fisioterapia, etc… A fórmula recomendada para países do terceiro mundo (África Subsaariana e outros) e referendada pelos Bancos Mundial e Interamericano de Desenvolvimento é o chamado acolhimento onde, em nome da eficácia e eficiência (leia-se: ausência de filas em postos de saúde), todos recebem assistência (?) de qualquer profissional de saúde, não importando sua formação, mas tão somente que o paciente não volte para casa sem atendimento (?), em detrimento da qualidade da atenção. Tenho certeza de que a maioria dos profissionais não-médicos não quer fazer assistência médica e sim permanecer dentro de suas competências legais e técnicas, previstas em suas leis. Mas estão sendo pretensamente preparados para tal, em substituição aos médicos. A idéia da “residência integrada multiprofissional” é exatamente essa: este profissional, ao fazer o treinamento com médicos (a Residência Médica existe há mais de 50 anos e é um treinamento em serviço reconhecido como a melhor forma de pós-graduação “latu sensu”), estaria “habilitado” a também atender, diagnosticar e tratar pacientes (os saberes e fazeres não ficariam homogeneizados?). O mais grave é a iniqüidade que se instala com essa prática perniciosa, pois traz embutido um acinte à maioria da população brasileira (cerca de 140 milhões de pessoas), exatamente aquela que necessita da atenção pública, aquela que não pode pagar pela assistência médica. É um deboche aceitarmos que o Ministério da Saúde patrocine um programa que substitui o médico por um profissional multifunção sem a qualificação técnica e a competência legal para diagnosticar e tratar doenças. Quem pode pagar pela assistência médica continuará a ser atendido por médicos; os outros, em postos de saúde da rede pública, serão atendidos pelos profissionais multiuso. Não se trata com desigualdade os iguais! É preciso ficar absolutamente cristalino que somos profissionais de saúde com diferentes saberes e fazeres específicos e privativos. Nós, os médicos, não somos maiores nem melhores. Somos diferentes como diferentes são todos os profissionais de saúde entre si. Não se trata com igualdade os desiguais! Se a residência médica deu certo como pós-graduação para os médicos, por que não fazer a residência em enfermagem (que já existe!), residência em psicologia, fisioterapia, etc? Qual a intenção de juntar todos os profissionais em um mesmo programa? Querem enganar a quem? O pior de tudo: isto está sendo feito em nome de um neo-liberalismo travestido de esperança… Roberto Luiz d’Avila Diretor-Corregedor do Conselho Federal de Medicina Fonte: AMB

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