O trabalho desenvolvido pelos conselhos de Medicina permite traçar o perfil da população médica. Um ponto que chama a atenção é a tendência a uma maior presença de mulheres. O ano de 2009 foi um marco histórico no processo de feminização da Medicina, quando pela primeira entraram no mercado mais mulheres que homens.
Como consequência, e também pela primeira vez, no grupo de médicos com 29 anos ou menos, as mulheres passaram a ser maioria. Em 2011, dos 48.569 médicos dessa faixa etária, 53,31% são mulheres e 46,69% são homens. Por outro lado, nas faixas mais avançadas, o cenário permanece predominantemente masculino. Do total de 10.799 profissionais com 70 anos ou mais, apenas 18,08% são mulheres.


Este crescimento da participação das mulheres confirma uma tendência consistente, que se observa ao longo das últimas décadas e que se acentuou nos últimos anos. O fenômeno se fortaleceu a partir de 2000 (Tabela 4); a expectativa é de que essa diferença se amplie em favor das mulheres. De acordo com o Censo da Educação Superior, na graduação elas já representam 55,1% do total de matriculados em Medicina e 58,8% dos concluintes dos cursos de Medicina.

Isso acontece como reflexo do crescimento histórico da predominância feminina na população em geral. Segundo o IBGE, em 2000 eram 96,9 homens para cada 100 mulheres. No censo de 2010, a relação caiu para 96 homens para cada 100 mulheres. A feminização da Medicina também segue uma tendência mundial. Levantamento da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2007) mostra que a proporção de mulheres médicas em 30 países estudados cresceu 30% entre 1990 e 2005.
Apesar deste quadro, ao menos nas próximas décadas o predomínio dos homens na Medicina deve permanecer. Por outro lado, outro fator relacionado à população médica feminina é sua idade média inferior à da população médica masculina. A média de idade geral fica em 46,03 anos. Entre os homens, este número é de 48,5 anos. Já entre as mulheres fica em 42,2 anos (desvio padrão de 12,5 anos). Além de apresentar média de idade mais baixa que a dos homens, a idade das mulheres está também mais concentrada: 68% delas estão entre 29,7 e 54,7 anos. Já entre os homens há uma dispersão mais elevada, com uma concentração de 68% entre 33,2 anos e 63,8 anos.
Independentemente desta diferença, o estudo conclui que a Medicina ainda é uma profissão exercida por jovens no Brasil. O grupo de médicos de até 39 anos representa 42,5% do total de profissionais na ativa. Entre as mulheres, 18% de todas as profissionais têm 29 anos ou menos. Por conta dessa combinação de juvenização e feminização, a pirâmide etária do médico em atividade no Brasil mostra uma grande concentração na base, dos 24 aos 40 anos, tanto de homens como mulheres.
Acesse aqui a íntegra da pesquisa Demografia Médica no Brasil: dados gerais e descrições de desigualdades.