O ministro da Saúde, Saraiva Felipe, e o diretor do Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia (Into), Sérgio Côrtes, abriram no último sábado (14/01), no Rio de Janeiro, a Campanha de Doação de Ossos. A mobilização aconteceu sábado e domingo na Praia de Copacabana com a participação de artistas e atletas em atividades esportivas, culturais e artísticas que mostraram que o procedimento de doação é simples e necessário. Os ossos de um único doador podem beneficiar entre 30 e 35 pacientes. Esse tipo de transplante é utilizado em casos de perdas ósseas provocadas por tumores, trocas de próteses articulares e problemas odontológicos, entre outros. O problema é que muitos transplantes de ossos (um dos tecidos músculo-esqueléticos), são adiados por falta de doações. No Brasil, existem seis bancos de ossos. O do Into tem condições para fornecer material para a realização de quase mil transplantes por mês. No entanto, apesar dos investimentos do instituto, a falta de doadores faz com que a unidade opere bem abaixo de sua capacidade. Hoje, o banco do Into tem uma fila com mais de 700 pessoas aguardando cirurgias de transplante ósseo. Em 2004, o instituto recebeu somente dez doações. Em 2005, a situação foi ainda pior: apenas duas doações. COMO SER UM DOADOR? A retirada de tecidos e ossos só poderá ser efetuada em caso de morte do doador. O interessado em doar seus ossos e demais órgãos deve comunicar este desejo à família, pois em caso de óbito, a retirada somente poderá ser autorizada por parente próximo ou representante legal do doador. Diferentemente de outros órgãos, o doador cadáver de ossos e tecidos não necessita estar na condição de morte encefálica. O estabelecimento de saúde onde se encontra o cadáver deverá comunicar à Central Estadual de Transplantes a possibilidade de doação. A equipe da central de transplantes fará a triagem do doador para diagnosticar doenças transmitidas pelo sangue, como hepatite, aids, malária, entre outras, que podem infectar o receptor. A doação é excluída também quando são detectados câncer, osteoporose, doenças infecciosas ou o doador fazia uso recente e prolongado de corticóide, aconselhado para o tratamento de doenças inflamatórias reumáticas, renais e neurológicas. Após a investigação preliminar do material a ser doado, a central estadual entrará em contato com o banco de tecidos músculo-esqueléticos local para retirada. No Rio de Janeiro, a Central Rio Transplantes é responsável por acionar o Banco de Ossos do Into. A equipe técnica da unidade fará uma série de testes que comprovem a qualidade dos tecidos para decidir se serão aceitos ou não. Exames sorológicos, bacteriológicos, fúngicos, radiológicos e histopatológicos vão minimizar os riscos para a saúde do receptor. Além disso, a família tem de responder a um questionário clínico, com mais de 30 perguntas e informações específicas sobre o histórico de saúde do possível doador. Segundo o ortopedista Eduardo Rinaldi, coordenador do Banco de Ossos do Into, após a implantação desse questionário, fica praticamente afastada a possibilidade de transmissão de doenças infecto-contagiosas. Quando houver necessidade, os hospitais transplantadores entrarão em contato com os bancos de tecidos existentes para solicitar material para cirurgias. Segundo o diretor do Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia (Into), Sérgio Côrtes, o maior empecilho à doação de ossos é a idéia de que o doador não terá sua aparência preservada nas cerimônias de funeral. A legislação que regulamenta a atividade de transplante no Brasil determina que efetuada a retirada, o cadáver deverá ser recomposto, de modo a recuperar, tanto quanto possível, sua aparência anterior, com cobertura das regiões com ausência de pele, enchimento e cavidades com material sintético adequado. Profissionais de saúde estão capacitados a assegurar a reconstituição dos ossos doados. Bancos de Tecidos – Seis bancos de tecidos músculo-esqueléticos (ossos, cartilagens, pele e ligamentos) estão autorizados pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT) a captar, transportar, preservar, estocar, fazer controle de qualidade e fornecer tecidos músculo-esqueléticos: Instituto Nacional de Tráumato-Ortopedia (Into), Hospital das Clínicas do Paraná, Hospital das Clínicas de São Paulo, Hospital Universitário de Marília (SP), Associação Hospitalar São Vicente de Paulo, em Passo Fundo (RS) e Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Transplantes e enxertos de tecidos músculo-esqueléticos só poderão ser feitos em hospitais transplantadores credenciados ao SNT. Atualmente, estão autorizadas a realizar esses procedimentos 38 unidades localizadas nas cidades de Salvador (BA); Fortaleza (CE); Goiânia (GO); Cuiabá (MT); Curitiba e Londrina (PR); Recife (PE); Rio de Janeiro (RJ); Passo Fundo e Porto Alegre (RS); Florianópolis (SC); Ribeirão Preto, São Paulo, Botucatu, Campinas, Sorocaba (SP); e Aracaju (SE). Em 2003, foram registradas 50 doações de tecidos e ossos. Em 2004, foram 40 captações. Os dados finais do ano passado, ainda estão em fase de apuração. Conscientização – “A campanha de conscientização visa a informar a população também de que todo processo realizado pelo Into é gratuito, incluindo a distribuição. Todo o procedimento de captação e distribuição de ossos feito pelo órgão oficial Rio Transplante não implica qualquer custo para a família do receptor”, destaca Sérgio Côrtes. Além de artistas e atletas, participaram do evento em Copacabana muitos voluntários, incluindo médicos e funcionários do Into. Eles foram fundamentais na ação de esclarecimento da população, distribuindo folhetos e organizando grupos de interessados em obter informações mais detalhadas com os médicos que estavam de plantão no local. Durante o evento, o público infantil recebeu uma cartilha especialmente criada para o evento com o objetivo de explicar, de maneira leve e didática, todo o processo da doação. O material traz ainda jogos, exercícios e desenhos para colorir. O Disque-Saúde (0800-61-1997) do Ministério da Saúde fornece informações sobre doação de órgãos e tecidos com a finalidade de transplante. No portal do Ministério da Saúde (www.saude.gov.br/transplantes) é possível também obter a relação das Centrais Estaduais de Transplantes habilitadas, além da lista dos hospitais credenciados a realizar transplantes classificados por órgãos e unidades da federação. Fonte: Agência Saúde
Ministério da Saúde faz campanha de doação de ossos
16/01/2006 | 02:00