CRISTIANE SILVEIRA Da equipe de A CRÍTICA Aproximadamente 90% dos médicos que atendem em consultórios e que trabalham com os aproximadamente 50 planos de saúde de Manaus estão fechando seus consultórios ou suspendendo as consultas conveniadas para atender sob a forma de reembolso _ o paciente paga a consulta e cobra ressarcimento do plano de saúde. A informação é da presidente dos Sindicatos dos Médicos do Amazonas, Auxiliadora Brito, que justificou a situação pela falta de reajuste, há oito anos, nos honorários médicos correspondentes a consultas e a procedimentos em saúde. Segundo Auxiliadora, desde 1996 não há reformulação nos antigos Coeficientes de Honorários (CH), hoje denominada de Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), mas que ainda não está vigorando na cidade. Porém, ela declarou que nos últimos anos os planos de saúde reajustaram de 200% a 300% os valores das mensalidades dos convênios, mas nunca repassaram esses valores para os profissionais conveniados. ‘Alguns planos chegam a informar à população que reajustaram os convênios para pagar os profissionais. Mas isso não vem acontecendo‘. Ela explicou que os médicos conveniados recebem pelas consultas e procedimentos médicos valores baseados nas antigas CHs, porém, desatualizados. Uma consulta, por exemplo, nessa antiga tabela varia de R$ 22 a R$ 27. “Esse valor não cobre as despesas de consultórios. Por isso, alguns profissionais chegaram a fechar os consultórios e a migrar para as cooperativas‘” afirmou, ressaltando que acaba acontecendo uma discrepância entre o valor de uma consulta particular _ uma média de R$ 100 _ e de uma consulta por convênio. Em outubro do ano passado, a Associação Médica Brasileira (AMB), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Federação Médica (FM) formularam uma nova tabela de preços, com base na CBHPM. Nela, ficaram determinados dois valores a serem pagos pelos convênios: banda mínima, correspondente 20% a menos da tabela cheia; e a banda máxima, 20% a mais. Transformando para moeda nacional, o preço das consultas, por exemplo, poderia variar de R$ 33,60 a R$ 50. “Seria um preço mais justo. O médico que trabalha por convênios ganha mais pela grande quantidade de pacientes, que é muito maior do que os particulares”, explicou, esclarecendo que essa tabela é nacional e varia conforme o custo de vida de cada região. (Publicado no Jornal A CRÍTICA- Página C7)05.10.2004
Médicos suspendem convênios
05/10/2004 | 03:00