– Das 7 às 11 horas da terça-feira, dia 9, haverá paralisação no atendimento das consultas e procedimentos eletivos dos planos e seguros de saúde. – E a partir das 10 horas deste mesmo dia, médicos de todas as especialidades realizam ato público na Boca Maldita. – O atendimento de urgência e emergência ao paciente não será prejudicado. Parte da rede hospitalar, no entanto, interromperá consultas eletivas por algumas horas. – Durante a manhã do ato público, os médicos realizarão trabalho de prevenção da saúde da população, inclusive com testes rápidos para verificar níveis de insulina. – O movimento luta pela implantação da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), considerada o parâmetro justo de remuneração da categoria. A Associação Médica do Paraná, o Conselho Regional de Medicina do Paraná e o Sindicato dos Médicos do Paraná realizam ato de protesto nesta terça-feira, dia 9 de março. O objetivo é alertar a população sobre o risco iminente de queda na prestação de serviços de saúde em razão dos baixos honorários pagos pelos planos de saúde e pelas operadoras que atuam no setor. Em Curitiba, entre 7 e 11 horas, haverá a paralisação no atendimento das consultas e procedimentos eletivos dos planos de saúde. E a partir das 10 horas, médicos de diversas especialidades realizam ato público na boca maldita. O atendimento de urgência e emergência não será interrompido, mas parte da rede hospitalar paralisará, por algumas horas, o atendimento das consultas eletivas. Ao mesmo tempo, na Boca Maldita médicos realizam trabalho de prevenção da saúde da população, inclusive verificando níveis de insulina. O principal objetivo da mobilização, de acordo Hélcio Bertolozzi Soares, presidente da Comissão Estadual de Honorários Médicos, que coordena o ato de mobilização, é o de defender a manutenção da prestação de uma saúde com qualidade à população, por meio da implantação da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM). Ela atualiza os valores dos honorários, é tecnicamente correta, equânime e foi elaborada com a metodologia de instituições econômicas experientes, tendo a chancela das principais entidades médicas do país e das sociedades de especialidades. E tem, como finalidade maior, garantir a melhoria da qualidade da atenção à saúde da população. Ao defender a implantação da CBHPM, de acordo com Bertolozzi Soares, a classe médica pretende alertar que planos de saúde e demais operadoras que atuam no mercado não podem continuar praticando valores defasados há mais de 10 anos sobre os honorários que pagam aos médicos. Estatísticas mostram que esta defasagem gira em torno de 300% desde 1994, enquanto os custos operacionais no setor tiveram reajuste de 100%. Como resultado, médicos precisam trabalhar 12 a 14 horas por dia, atender a um maior número de consultas e prescrever menor número de exames diagnósticos por causa dos baixos valores que são pagos pelos planos e operadoras de saúde. Por estas razões, apesar de o paciente estar pagando mais para ter um plano ou operadora de saúde, que reajustam as mensalidades rigorosamente pela inflação e na mudança da faixa etária, a cada dia tem mais dificuldade para receber bons serviços. Exemplo disto é que, pela contenção de gastos, estes intermediadores da saúde periodicamente obrigam o médico a reduzir importantes exames diagnósticos que ajudariam na identificação e tratamento de uma doença, lamenta o presidente da Comissão Estadual de Honorários Médicos. O momento é considerado desfavorável, também, no entender da classe médica, pela abertura indiscriminada de escolas de medicina no país. Estudo realizado pela Associação Médica Brasileira mostra que existem no Brasil 119 escolas médicas em funcionamento. Os números são considerados absurdos, razão pela qual as entidades reivindicam o direito de participar da definição dos critérios para a abertura de novas instituições de ensino. A preocupação está relacionada à qualidade de formação dos cerca de 9 mil médicos que, anualmente, entram no mercado de trabalho – número que só tende a aumentar, já que, somente no primeiro semestre de 2003 oito escolas foram abertas no país. Crise nos hospitais Planos e operadoras de saúde são omissas também, em relação aos hospitais. De acordo com o presidente da Federação dos Hospitais do Paraná, José Francisco Schiavon, há mais de sete anos estes prestadores de serviços não têm recomposição sobre os serviços prestados e a formalização dos contratos determinada em lei pela Agência Nacional de Saúde, não corrigiu as condições financeiras. Por esta razão, acrescenta, a entidade dá apoio irrestrito à mobilização nacional, para que os hospitais possam oferecer meios de o médico oferecer seu trabalho com segurança. Neste aspecto, destaca Schiavon, a omissão das operadoras prejudica profissionais e empresas de saúde e os seus próprios clientes, já que lideram as queixas de violação dos direitos do consumidor.
Médicos realizam ato público
08/03/2004 | 03:00