Médicos protestam contra planos de saúde em todo país Entidades médicas de todo o País organizaram ontem um dia de protesto contra as condições impostas pelas operadoras de planos de saúde e divulgaram uma carta aberta ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com propostas para resolver os problemas. Os médicos denunciam a pressão que sofrem para baratear o tratamento de seus pacientes. Quem não cumpre determinadas metas é castigado com descontos nos honorários no fim do mês ou até com o descredenciamento do plano. O instrumento mais recente usado pelas operadores para pressionar os profissionais é dar bonificações para quem seguir as metas de custo. O médico que não ultrapassa o teto de gasto estipulado para uma consulta ou para uma internação ganha de 30% a 40% a mais em seus honorários. A operadora não leva em conta se o caso do paciente foi resolvido, alertam as entidades. “Todo médico que trabalha com planos de saúde já sofreu interferências da operadora no atendimento que dá para seu paciente”, afirmou Eleuses Vieira de Paiva, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB). “O resultado é que a relação entre médico e paciente se deteriora”. Por não se ater a metas estritamente financeiras dos planos de saúde e atender o paciente como achava que deveria, a reumatologista Paula (o nome é fictício para evitar represália dos planos) conta como foi punida por duas grandes operadoras. A primeira pressão que sofreu foi o descredenciamento. “Recebi uma carta da operadora alegando que eu pedia exames demais e por isso seria descredenciada”. No mês que antecedeu o castigo Paula atendera pacientes com quadros graves que precisavam ser submetidos a exames caros. Com outra operadora, Paula foi punida com o desconto de R$ 300,00 em seus honorários. A explicação era similar: a médica tinha feito o plano gastar muito com exames. De novo, foi um mês em que Paula atendera casos graves. Ela reclamou e foi ressarcida. Para evitar interferência da operadora na assistência do paciente, as entidades médicas querem que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) regule a relação entre o médico e a empresa de plano de saúde. Essa reivindicação é antiga, existe desde 2000, e nunca foi contemplada. O ministro da Saúde, Humberto Costa, já manifestou apoio aos profissionais, mas as idéias não saíram do papel. Luciana Miranda São Paulo/AE
Médicos protestam contra planos de saúde em todo país
12/11/2003 | 02:00