
Hideraldo Cabeça: a plataforma de contato do CFM foi ajustada para que estudantes pudessem participar
Os médicos brasileiros tiveram papel fundamental na mobilização para manter o veto presidencial ao trecho da Lei nº 13.959/19, que trata da realização do Revalida por escolas particulares. A classe médica foi convidada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) a participar do processo, e o chamado foi prontamente atendido.
Na campanha, durante os 30 dias que antecederam a votação, 8.840 médicos acessaram a plataforma desenvolvida pelo CFM e enviaram quase 400 mil mensagens aos parlamentares. A maior parte das mensagens teve origem nos estados de São Paulo (157.534 e-mails enviados), Minas Gerais (62.440) e Rio de Janeiro (55.125).
“O CFM dispôs mecanismos de comunicação acessíveis à classe médica, que teve a oportunidade de se manifestar de modo significativo, como demonstram os números. Isso revela grande preocupação com a qualidade da assistência médica do Estado e a proteção da sociedade”, esclarece o 1º vice-presidente do CFM, Donizetti Giamberardino.
A plataforma para comunicação com os políticos ainda foi ampliada para que estudantes de medicina participassem. “Em um único dia, na data da votação do veto no Congresso Nacional, cerca de 10 mil mensagens foram disparadas aos congressistas”, ressalta o 1º secretário do CFM, Hideraldo Cabeça.
Estratégia – Em outubro do ano passado, o CFM já havia utilizado a ferramenta para encaminhar e-mails aos deputados. No período dos debates que antecederam a votação da Medida Provisória nº 890/2019, que instituía o programa Médicos Pelo Brasil, mais de 45 mil médicos atenderam à convocação do CFM e, por meio da plataforma, encaminharam quase 2 milhões de mensagens aos deputados federais de todos os estados.
Os profissionais pediram apoio e voto dos parlamentares contra temas como: a flexibilização do Revalida, a permissão para que consórcios estaduais contratassem pessoas com diplomas de medicina estrangeiros sem revalidação e a possibilidade de intercambistas cubanos continuarem a atuar no Brasil.
De acordo com o 1º vice-presidente, nos últimos dez anos foram abertas mais de 100 escolas médicas no Brasil, o que não aconteceu em nenhum outro país do mundo. Para ele, o aumento irresponsável de vagas já é um grande problema para a qualidade do ensino. Agravando a situação, países vizinhos abriram ainda mais vagas para medicina.
“Atualmente, temos cerca de 60 mil brasileiros cursando medicina no exterior, e isso é muito preocupante. É fundamental que o Revalida seja realizado da maneira mais isenta possível, isto é, através das instituições públicas. Estamos falando da qualidade da medicina prestada no Brasil, e a atitude dos parlamentares de respeitar o veto presidencial foi em prol da sociedade”, pontua Giamberardino.