Ainda não foi dessa vez que o Governo do Estado e as entidades médicas chegaram a um acordo sobre o reajuste salarial dos profissionais que atuam nos hospitais da rede pública. Ontem o Sindicato dos Médicos (Simepe), apresentou uma contraproposta ao Executivo, onde pede um reajuste de 40% para todos os níveis. Na proposta original do Governo, o aumento era de forma diferenciada, com 10% para os diaristas e 40% para os plantonistas. A Secretaria Estadual de Saúde pediu um prazo para analisar a reivindicação dos médicos e as entidades voltam a se reunir hoje às 11h para definir uma proposta que será apresentada às 19h na assembléia da categoria, na Sociedade de Medicina. Pela proposta do Simepe, o salário dos diaristas receberia um aumento real de R$ 360,00 e passaria para R$ 1.400,00. Já os plantonistas receberiam um reforço de R$ 600,00 e os salários ficariam unificados em todo o Estado em R$ 2.100,00. “Na verdade o valor do plantonista chega a ser menor do que o Estado ofereceu antes, mas nós preferimos um percentual menor, mas que seja estendido a todos”, explicou o presidente do Simepe, André Longo. O único ponto que o sindicato considera um avanço na proposta do Governo é em relação a incorporação das gratificações aos vencimentos, elevando o salário- base de R$ 500,00 para R$ 1.000,00. “Esse é um ponto bastante positivo que deve ser mantido. Já a gratificação para os plantonistas de acordo com o porte dos hospitais, nós sugerimos que ela seja substituída pela produtividade”, disse Longo. O impacto da proposta do sindicato nas contas públicas pode dobrar, em relação ao que foi oferecido pelo Governo, passando de R$ 1,6 milhão para R$ 3,3 milhões mensais. “Nós tentamos dar um aumento maior nos hospitais de maior demanda e complexidade, mas o sindicato quer unificar os salários. Nós não temos disponibilidade de recursos para todos”, alegou o secretário de Saúde, Guilherme Robalinho. Expira contrato de anestesistas com a SES Cerca de 120 médicos vinculados a Cooperativa dos Anestesiologistas de Pernambuco (Coopanest), que presta serviço ao Estado, não renovaram o contrato, vencido desde a última segunda-feira, com a Secretaria Estadual de Saúde (SES). Por causa disso, todas as cirurgias eletivas nos hospitais da rede pública atendidos pelos profissionais da cooperativa foram suspensas. Entre eles, os hospitais da Restauração, Getúlio Vargas, Otávio de Freitas, Agamenon Magalhães e Barão de Lucena. Apenas os serviços das emergências estão sendo mantidos. A Coopanest não aceitou a proposta da SES, com relação ao valor do plantão. A diretora da cooperativa, Maria Célia Costa, não quis revelar os valores, mas segundo ela a suspensão das cirurgias programadas vai continuar até que se chegue a um acordo. “Nós estamos em processo de negociação. Por enquanto não há nada definido”, afirmou Costa. De acordo com a Assessoria de Imprensa da SES, uma nova proposta foi encaminhada ontem à cooperativa. A Assessoria confirmou o cancelamento das cirurgias eletivas e acrescentou que a Secretaria está empenhada na negociação. Além dos anestesistas cooperados, o Governo também dispõe de u quadro de concursados, mas é insuficiente. Os cooperados também reivindicam mudança no atual esquema de plantão. Segundo o anestesista José Antônio de Freitas, que também faz parte da diretoria da cooperativa, o profissional só recebe se fizer algum procedimento. “Há situações em que o profissional é obrigado a dar 12 horas de plantão e pode não receber nada, se não surgirem pacientes para serem atendidos por ele”, alegou Freitas, que sugere um piso mínimo por plantão. Estado avalia pedido de médicos O Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) apresentou ontem ao Governo do Estado a contraproposta salarial para os médicos das emergências públicas, na qual o plantonista teria ganho real de R$ 700, elevando o salário para R$ 2.100, e o diarista teria ganho de R$ 360, passando a receber R$ 1.419. Como a proposta resulta num impacto mensal de R$ 3,3 milhões no orçamento do Governo, a resposta ao sindicato será dada hoje, em reunião às 11h, na Secretaria Estadual de Saúde (SES). “Um grupo de técnicos vai se debruçar sobre os números apresentados, para ver se chegamos a um consenso”, disse o secretário de Saúde de Pernambuco, Guilherme Robalinho, no fim do encontro com o presidente do Simepe, André Longo, o presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremepe), Ricardo Paiva, e médicos de emergências públicas. Há mais de um mês a saúde está em crise, desencadeada pelos sucessivos pedidos de demissão de médicos das emergências do Hospital da Restauração, Getúlio Vargas e Otávio de Freitas, todos no Recife. Eles reivindicam aumento salarial e melhores condições de trabalho. O presidente do Simepe comentou que a categoria está aberta à negociação e que o interesse de todos é resolver a crise. “Estamos esperançosos de que nossa reivindicação será atendida. Sendo assim, a tendência é que a situação se normalize”, disse, referindo-se ao caos instalado nas emergências, principalmente pela falta de plantonistas. Guilherme Robalinho, que recebeu a comissão de médicos ao lado dos secretários da Fazenda, Mozart Siqueira, e da Administração, Maurício Romão, informou que técnicos das duas pastas ficariam debruçados sobre os números apresentados pelo Simepe, para poder dar uma resposta ao sindicato. A proposta de reajuste apresentada pelo Governo, e rejeitada pelos médicos, resultaria num impacto de R$ 1,6 milhão mensal no orçamento. Por ela, os médicos diaristas, que ganham R$ 1.059, teriam o salário elevado para R$ 1.164. Os plantonistas, que ganham R$ 1.400, passariam a receber de R$ 2 mil a R$ 2.567, dependendo do porte da unidade de saúde onde trabalham. O Simepe não concorda com o reajuste diferenciado. ADUSEPS – A Associação dos Usuários dos Planos e Sistemas de Saúde (Aduseps) entrou, ontem à tarde, com ação na Justiça para garantir o internamento do estudante Ronaldo Batista Alencar, 18 anos, numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da rede particular. Segundo a Aduseps, as UTIs públicas têm lista de espera e não podem receber o enfermo. O jovem, da cidade de Parnamirim, no Sertão do Estado, está internado desde a semana passada na Fundação Hemope com insuficiência respiratória. Ele precisa se recuperar para ser submetido a um transplante de medula óssea. Ronaldo, portador de anemia severa, já tem um doador. Médicos e SES se reúnem de novo Ontem à tarde, representantes do Sindicato dos Médicos, Conselho Regional de Saúde de Pernambuco (Cremepe) e secretarias estaduais de Saúde (SES), Administração e Fazenda se reuniram pela segunda vez em menos de uma semana para chegar a um acordo sobre as reivindicações dos médicos e falta de profissionais nas emergências públicas. Os médicos apresentaram a contraproposta para as proposições levantadas pelo Governo, mas não se chegou a um resultado. Os representantes ficaram de analisar a nova pauta e voltam a se reunir, na SES, hoje, às 11h. Na reunião feita na última quinta-feira, o Governo propôs aumentar os salários dos médicos de forma não-linear, atingindo uma média de 40%. O presidente do sindicato, André Longo, afirma que a categoria não aceita o aumento diferenciado. “Não é justo que um médico que atenda no Interior ganhe menos que um da capital. Defendemos um aumento igualitário, cujo ganho real seria de R$ 360,00 para todos os diaristas e R$ 600,00 para os plantonistas”. Para pagar os aumentos propostos na semana passada, o secretário estadual de Saúde, Guilherme Robalinho, afirmou que o tesouro do Estado precisaria desembolsar R$ 20,2 milhões por ano. Com a nova proposta, conforme André Longo, seria necessário o dobro. Um dos itens considerados positivos pelas entidades médicas diz respeito à união das gratificações ao salário base dos médicos. Depois da reunião, as entidades médicas realizam uma assembléia, às 19h, para avaliar os resultados das reuniões e decidir o rumo que será tomado pelos profissionais. Sobre a matéria publicada ontem na Folha, relativa aos atendimentos do último final de semana no Otávio de Freitas, o médico José Tenório esclarece que naquele dia havia, sim, clínico geral no hospital no último domingo e que ele próprio estava trabalhando. Da Assessoria de Imprensa do Cremepe. Com informações do Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio e Folha de Pernambuco.
Médicos e governo estadual prolongam negociação
20/10/2004 | 03:00