Médicos paranaenses participaram ontem, 9 de março, do Dia Nacional de Mobilização que defende uma relação contratual mais transparente com as operadoras de planos e seguros de saúde, com melhoria das condições do exercício profissional e da qualidade do atendimento aos usuários. O movimento propõe a implantação, na área de saúde suplementar, da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), resultado de três anos de estudos envolvendo as entidades médicas representativas e as sociedades de especialidades, sob suporte técnico da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE). Em Curitiba, cerca de 400 médicos concentraram-se na Boca Maldita para acompanhar o ato público em prol do novo mecanismo de remuneração ética. Grande número de profissionais, inclusive de unidades hospitalares, também aderiu à proposta de suspensão de atendimentos das consultas e procedimentos eletivos no período das 7 às 11h. O mesmo ocorreu nas principais cidades do estado. O Conselho Regional de Medicina, que registra 16 mil os médicos em atividade no Paraná, não chegou a determinar o percentual envolvido na paralisação. Contudo, dirigentes da instituição fizeram questão de ressaltar que o objetivo da mobilização em nenhum momento foi de prejuízo aos usuários dos serviços, mas de legitimar a luta pela dignificação da atividade. Em alguns estados, o Dia da Mobilização será sucedido por interrupções de atendimento a planos e seguros que mantiverem resistência à proposta de implementar a Classificação, que reúne 5,4 mil procedimentos divididos em 14 portes e três sub-portes e prevê banda de flexibilização de valores de 20%, para mais ou para menos, permitindo maior poder negocial. No Paraná, as entidades médicas pretendem centrar seus esforços imediatos em novas rodadas de negociações com representantes das operadoras, em iniciativas legais, éticas e até mesmo judiciais. A radicalização do movimento no Estado, com ações que acabariam refletindo entre os beneficiários dos planos, está descartada pelo menos por ora. A mobilização envolveu o CRM-PR, a Associação Médica, Sindicato dos Médicos e as Sociedades de Especialidades Médicas, tendo apoio da Academia Paranaense de Medicina e Federação dos Hospitais. Durante o ato de protesto no centro de Curitiba, foram distribuídos folders e panfletos explicativos aos que transitavam pela rua XV no momento da paralisação. O reitor da UFPR, Carlos Moreira, não só endossou a iniciativa como conclamou todos os médicos a agir politicamente e lutar por seus direitos. Todos os dirigentes que fizeram uso da palavra realçaram a Classificação como instrumento ético e justo para regular a relação com as operadoras. Lembraram que há 12 anos os procedimentos médicos não são reajustados e que, neste período, as operadoras atualizaram suas mensalidades numa evolução de até 250%. Foi iniciada também uma campanha publicitária de âmbito nacional que visa conscientizar o médico e a sociedade sobre a relevância do movimento.
Médicos do Paraná fazem ato público em defesa da CBHPM
09/03/2004 | 03:00