O dia 25 de outubro foi marcado em todo o Brasil com a paralisação de 24 horas dos médicos credenciados ao Sistema Único de Saúde – SUS. Em Belém, o ato aconteceu em frente à Santa Casa de Misericórdia do Pará, considerado um dos maiores hospitais do Estado. Apenas os atendimentos de urgência e emergência e os eletivos foram mantidos.
De acordo com o diretor do Conselho Regional de Medicina, Marcus Vinícius Brito, o Pará é um dos Estados que recebem a menor verba para saúde. ‘Os médicos recebem menos de R$ 100 por habitante. Isso acontece por falta de empenho dos políticos paraenses, por isso a saúde pública está como está’, afirma o médico. Outra reivindicação dos médicos são péssimas condições de saúde e a baixa remuneração da categoria no Pará. “Queremos carreira de Estado, a exemplo do que acontece com juízes e parlamentares, que sempre são valorizados e suas reivindicações são sempre atendidas”, diz João Gouveia, do Sindicato dos Médicos do Pará.
Ainda de acordo com o diretor do CRM-PA, O Estado do Acre é um exemplo que deveria ser seguido por outros estados brasileiros. “Visitamos em maio deste ano um dos hospitais conveniados ao SUS e ficamos impressionados com a estrutura do local”. O Acre é o Estado que melhor remunera os médicos, com salário de R$ 6.800, com carga horária de 30 horas. No Pará, esse valor é de R$ 1.050. A categoria quer que esse piso seja elevado para R$ 9 mil.
Paralisação – O movimento atingiu 21 Estados brasileiros. Ao todo, 195 mil médicos trabalham pelo SUS, 144 milhões de brasileiros dependem do Sistema, sendo 453 milhões de consultas por ano.
Pará – Os pacientes que dependem do sistema de saúde pública de Belém continuam a ser penalizados pelas condições precárias de atendimento. O Pará apresenta um dos piores resultados na relação entre postos de trabalho médicos públicos e privados por habitantes no Brasil. A Pesquisa de Assistência Médico Sanitária (AMS) 2010, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, revelou que o Estado possui uma média de 1,7 postos médicos para cada mil habitantes. Abaixo a tabela mostra os salários-base pagos aos médicos em todas as regiões do Brasil. (Texto: Rodrigo Monteiro e CFM)
Salários-base pagos aos médicos concursados com jornada semanal de 20 horas*
Estado |
Remuneração base por jornada de 20 horas |
ACRE |
R$ 6.800,00 (jornada de 30 horas semanais) |
ALAGOAS
|
R$ 1.600,00 |
AMAPÁ |
R$ 3.056,00 |
AMAZONAS |
R$ 1.000,00 |
BAHIA |
R$ 723,81 |
CEARÁ |
R$ 2.678,10 |
DISTRITO FEDERAL |
R$ 4.143,67 |
ESPÍRITO SANTO |
R$ 2.149,47 |
GOIÁS |
R$ 2.500,00 |
MARANHÃO |
R$ 2.500,00 |
|
R$ 1.292,04 |
MATO GROSSO DO SUL |
R$ 1.752,98 |
MINAS GERAIS |
R$ 1.050,00 |
PARÁ |
R$ 1.050,00 |
PARAÍBA |
R$ 1.635,00 |
PARANÁ |
R$ 2.685,56 |
PERNAMBUCO |
R$5.500,00 (plantão semanal de 24 horas) |
PIAUÍ |
R$ 1010,00 |
RIO DE JANEIRO |
R$ 1.500,00 |
RIO GRANDE DO NORTE |
R$ 1.447,87 |
RIO GRANDE DO SUL |
R$ R$ 2.723,52 (jornada de 30 horas semanais) |
RONDÔNIA |
R$ 3.300,00 |
RORAIMA |
R$ 2.190,11 |
SANTA CATARINA |
R$ 1. 401,12 |
SÃO PAULO |
R$ 1.757,25 |
SERGIPE |
R$ 1428,00 |
TOCANTINS |
R$ 2.875,00 |
Média |
R$ 1.946,91 |
* Levantamento informal a partir de dados fornecidos pelos sindicatos médicos e conselhos regionais de medicina apurados junto às Secretarias Estaduais de Saúde. Os valores não incluem acréscimos, como gratificações, anuênios, quinquênios, adicionais por insalubridade, etc. ** O cálculo levou em consideração os valores dos salários-base de 25 estados. Não foram considerados os valores do Acre, Pernambuco e Rio Grande do Sul por terem carga horária diferenciada, superior a 20 horas por semana.
Fonte: CRM-PA