Os cerca de 180 mil usuários das seguradoras Sul América, Bradesco, Itaú, Unibanco e AGF em Pernambuco devem preparar o bolso para pagar as consultas médicas nos próximos 45 dias, caso as empresas se neguem a implantar a nova tabela de honorários médicos. As entidades médicas estão convocando os profissionais credenciados às seguradoras para romperem com os seus contratos, e passarem a atender no sistema de reembolso. Por esse sistema, os consumidores pagam pelos serviços prestados e recebem recibos dos médicos para serem ressarcidos pelas empresas. O Movimento de Dignidade Médica considera que as empresas descumpriram o termo de ajustamento assinado em novembro passado no Ministério Público Estadual, no qual se comprometiam a iniciar a implantação da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM-2003) a partir de janeiro de 2004. A implantação da nova tabela representa um custo a mais para as empresas, o que poderá ser repassado aos preços das mensalidades dos planos de saúde. Mesmo com a ameaça no rompimento dos contratos, os médicos alegam que estão abertos às negociações com as seguradoras. Mário Fernando Lima, vice-presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), disse que nos próximos 21 dias a Comissão de honorários receberá às declarações de adesão dos médicos referenciados. Esse prazo terminará no dia 11 de fevereiro. O movimento atinge cerca de 2 mil médicos, incluindo as cooperativas. Lima explicou que os contratos entre os médicos e as operadoras são de 30 ou 60 dias. A sua expectativa é de que no prazo de 45 dias a contar da realização da última assembléia (dia 22 de janeiro), os médicos estejam adotando o atendimento com o reembolso. Segundo ele, os médicos e cooperativas estão cumprindo a Resolução nº 17.063/2003 do Conselho Federal de Medicina (CFM), que obriga a adoção da nova tabela de honorários. “Nós negociamos pela implantação da nova tabela. Queremos recompor o poder de compra dos médicos”, disse. A Federação Nacional das Seguradoras (Fenaseg) informou, através da assessoria de Comunicação, que está analisando a tabela hierarquizada de procedimentos e discutindo o tema com as entidades representativas dos médicos. Em relação ao reembolso dos atendimentos aos usuários, a entidade informou que os valores cobrados pelos prestadores de serviços permanecem sendo feitos pela tabela de cada produto das seguradoras. Vale lembrar que o reembolso é adotado hoje pelas seguradoras quando o atendimento é feito fora da rede credenciada. O presidente regional da Associação Brasileira de Medicina de Grupo, Flávio Wanderley, disse que as empresas do setor de saúde suplementar não têm condições financeiras de implantar a nova tabela de procedimentos. Segundo ele, o índice de sinistralidade das seguradoras fechou em dezembro em 81%, enquanto o nível recomendável fica entre 65% e 78%. Do total de 800 mil usuários de planos de saúde no Estado, cerca de 180 mil são atendidos pelas seguradoras. A maior carteira é da Sul América com 102 mil usuários. Com informações do Pernambuco.com
Médico ameaça usar reembolso
27/01/2004 | 02:00